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CONGRESSO
Congressistas votarão proposta no plenário na próxima semana
Comissão aprova Orçamento
com déficit de R$ 3,5 bilhões
LUIZA DAMÉ
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo enfrentou a oposição
e conseguiu aprovar, na madrugada de ontem, o texto base Orçamento da União na comissão do
Congresso encarregada de analisá-lo. Deputados e senadores terão de trabalhar entre o Natal e o
Ano Novo para votar o Orçamento no plenário. A proposta tem
um déficit de R$ 3,5 bilhões.
Parte do buraco já estava no
projeto original do governo e parte foi criada pelo Congresso. O relator do Orçamento, deputado
Sampaio Dória (PSDB-SP), ignorou a correção da tabela do IRPF
(Imposto de Renda da Pessoa Física), aprovada pelo Congresso e
pendente de sanção do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O governo estima que perderá
R$ 1,8 bilhão de receita por causa
da correção. "Isso é um absurdo.
O projeto foi aprovado na Câmara e no Senado, e o relator ignorou
o impacto no Orçamento", disse o
deputado Jorge Bittar (PT-RJ).
Dória afirmou que desconsiderou a correção da tabela porque
FHC ainda não decidiu se vai sancionar ou vetar o projeto. Mais R$
1,4 bilhão se refere à cobrança da
contribuição previdenciária dos
servidores inativos, cujo projeto
está parado na Câmara desde junho do ano passado, sem a menor
chance de ser aprovado.
Segundo Dória, o dinheiro da
contribuição foi mantido como
veio originalmente no projeto do
governo: receita condicionada.
"O governo que decida o que fazer." Outros R$ 300 milhões são
da isenção da CPMF (imposto do
cheque) dos investimentos na
Bolsa de Valores. A isenção está
no projeto que prorroga a cobrança da CPMF, em fase de votação na Câmara.
A receita de R$ 10,9 bilhões da
cobrança da CPMF no segundo
semestre do próximo ano também é condicionada, mas há
apoio à prorrogação do tributo
até entre os partidos de oposição.
Embora a votação na Comissão
Mista de Orçamento não tenha sido concluída, o déficit não será
coberto. Ontem à noite começariam a ser apreciadas 2.331 emendas ao projeto -a maioria com
parecer pela rejeição.
O PDT quer suprimir a contribuição de inativos do Orçamento,
mas o relator não concorda com a
sugestão. Essa é uma das exigências dos partidos de oposição para
fazer acordo com o governo e facilitar a votação do Orçamento até
o final da próxima semana.
A oposição quer ainda a renegociação da dívida dos pequenos e
médios agricultores e a definição
de um salário mínimo de pelo
menos R$ 210 -os governistas já
fecharam em R$ 200.
As chances de acordo são mínimas. Por isso os governistas decidiram convocar os congressistas
aliados para a próxima semana.
"Não deixaremos o Brasil virar
uma Argentina só porque o PT
quer", disse o senador Romero
Jucá (PSDB-RR), vice-líder do governo. Os presidentes do Senado,
Ramez Tebet (PMDB-MS), e da
Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), formalizam hoje a convocação dos congressistas, provavelmente de 26 a 28 deste mês, sem
pagamento de salários extras.
A convocação depende do resultado dos trabalhos da Comissão Mista de Orçamento na noite
passada, que teria de deixar o projeto pronto para ser votado no
plenário. Na madrugada de sexta,
os líderes governistas conseguiram manter deputados e senadores até a última votação, às 4h30.
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