São Paulo, sábado, 22 de dezembro de 2001

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PARANÁ

Presidentes de institutos dizem ter trabalhado para PFL

Depoimentos confirmam caixa dois de campanha de Taniguchi

DA AGÊNCIA FOLHA

Dois novos depoimentos tomados pelo Ministério Público confirmam a existência de um caixa dois na campanha de reeleição do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL). Os presidentes dos institutos de pesquisa Vox Populi e Brasmarket disseram que suas empresas trabalharam para a campanha do pefelista em 2000.
Em 6 de novembro, a Folha publicou documentos mostrando que o PFL omitiu da Justiça Eleitoral do Paraná R$ 29.792.650,44 gastos na reeleição de Taniguchi.
O diretor-presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra, disse anteontem ao Ministério Público de Minas que recebeu pagamento de R$ 800 mil do PFL nacional por pesquisas feitas em Curitiba.
O promotor Wanderlei Carvalho, de Curitiba, confirmou ter recebido cópias de notas fiscais do Vox Populi em que o PFL nacional aparece como pagador.
Na prestação de contas oficial do PFL de Curitiba à Justiça Eleitoral, só há referência de pouco mais de R$ 4.000 com gastos em sondagens na campanha de Taniguchi. No livro-caixa que o Ministério Público investiga, há um lançamento de R$ 693,9 mil em liberações do comitê financeiro ao Vox Populi, de Belo Horizonte.
O diretor-presidente da Brasmarket, Ronald Kuntz, disse ao Ministério Público de São Paulo ter prestado serviços no valor de R$ 170 mil ao PFL paranaense, incluindo pesquisas para o governo estadual e para Taniguchi.
De acordo com o procurador de Justiça Carlos Roberto Ceroni, Kuntz disse já ter recebido, em dinheiro, cerca de metade desse valor. Afirmou ainda que pode colocar à disposição do Ministério Público as notas fiscais que registram a realização do serviço.
Os pagamentos eram feitos em Curitiba e realizados pessoalmente por David Campos, ex-secretário estadual de Comunicação Social, ou Mário Lopes Filho, presidente do comitê financeiro. Eles negam a existência do caixa dois.
O advogado de Taniguchi, José Cid Campêlo, disse que não fala sobre a contabilidade da campanha. Sobre o depoimento de Kuntz, ironizou: "Se ele diz que não recebeu todo o combinado, por que não entrou com uma ação de cobrança na Justiça?".
A Agência Folha tentou contato com o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Sua assessoria disse que ele não fará declaração sobre o caso.

Sigilo
O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná indeferiu o recurso do Ministério Público que visava a restabelecer o sigilo na investigação. Com isso, os advogados do PFL e do prefeito mantêm direito de acesso integral aos documentos e depoimentos.
A decisão foi tomada na última terça-feira. O MP estuda entrar com novo questionamento, dessa vez no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A decisão do TRE confirma o despacho do juiz da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba, Espedito dos Reis Amaral, que concedeu liminar em um mandado de segurança da defesa.
Em consequência do despacho, a Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público liberou à defesa documentos reunidos em 12 volumes. O advogado de Taniguchi, no entanto, acusa o Ministério Público de não estar cumprindo a decisão judicial integralmente. Os promotores negam o boicote.



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