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PARANÁ
Presidentes de institutos dizem ter trabalhado para PFL
Depoimentos confirmam caixa dois de campanha de Taniguchi
DA AGÊNCIA FOLHA
Dois novos depoimentos tomados pelo Ministério Público confirmam a existência de um caixa
dois na campanha de reeleição do
prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL). Os presidentes dos
institutos de pesquisa Vox Populi
e Brasmarket disseram que suas
empresas trabalharam para a
campanha do pefelista em 2000.
Em 6 de novembro, a Folha publicou documentos mostrando
que o PFL omitiu da Justiça Eleitoral do Paraná R$ 29.792.650,44
gastos na reeleição de Taniguchi.
O diretor-presidente do Vox
Populi, Marcos Coimbra, disse
anteontem ao Ministério Público
de Minas que recebeu pagamento
de R$ 800 mil do PFL nacional por
pesquisas feitas em Curitiba.
O promotor Wanderlei Carvalho, de Curitiba, confirmou ter recebido cópias de notas fiscais do
Vox Populi em que o PFL nacional aparece como pagador.
Na prestação de contas oficial
do PFL de Curitiba à Justiça Eleitoral, só há referência de pouco
mais de R$ 4.000 com gastos em
sondagens na campanha de Taniguchi. No livro-caixa que o Ministério Público investiga, há um lançamento de R$ 693,9 mil em liberações do comitê financeiro ao
Vox Populi, de Belo Horizonte.
O diretor-presidente da Brasmarket, Ronald Kuntz, disse ao
Ministério Público de São Paulo
ter prestado serviços no valor de
R$ 170 mil ao PFL paranaense, incluindo pesquisas para o governo
estadual e para Taniguchi.
De acordo com o procurador de
Justiça Carlos Roberto Ceroni,
Kuntz disse já ter recebido, em dinheiro, cerca de metade desse valor. Afirmou ainda que pode colocar à disposição do Ministério Público as notas fiscais que registram a realização do serviço.
Os pagamentos eram feitos em
Curitiba e realizados pessoalmente por David Campos, ex-secretário estadual de Comunicação Social, ou Mário Lopes Filho, presidente do comitê financeiro. Eles
negam a existência do caixa dois.
O advogado de Taniguchi, José
Cid Campêlo, disse que não fala
sobre a contabilidade da campanha. Sobre o depoimento de
Kuntz, ironizou: "Se ele diz que
não recebeu todo o combinado,
por que não entrou com uma
ação de cobrança na Justiça?".
A Agência Folha tentou contato
com o presidente nacional do
PFL, senador Jorge Bornhausen
(SC). Sua assessoria disse que ele
não fará declaração sobre o caso.
Sigilo
O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná indeferiu o recurso do Ministério Público que
visava a restabelecer o sigilo na investigação. Com isso, os advogados do PFL e do prefeito mantêm
direito de acesso integral aos documentos e depoimentos.
A decisão foi tomada na última
terça-feira. O MP estuda entrar
com novo questionamento, dessa
vez no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral). A decisão do TRE confirma o despacho do juiz da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba, Espedito
dos Reis Amaral, que concedeu liminar em um mandado de segurança da defesa.
Em consequência do despacho,
a Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público liberou à defesa
documentos reunidos em 12 volumes. O advogado de Taniguchi,
no entanto, acusa o Ministério
Público de não estar cumprindo a
decisão judicial integralmente. Os
promotores negam o boicote.
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