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Irregularidades no Ceará podem chegar a R$ 1 mi
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A Procuradoria Geral da República pediu ao Superior Tribunal
de Justiça a destituição do desembargador José Maria de Melo, ex-presidente do Tribunal de Justiça
do Ceará. As irregularidades podem chegar a R$ 1 milhão.
A denúncia foi formalizada pela
subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques e
entregue ao STJ no final de agosto. No tribunal, porém, o processo já passou pelas mãos de três
ministros, que pediram para não
relatar o caso. Agora, a ação está
com o ministro Edson Vidigal.
Os atos denunciados pela subprocuradora aconteceram no período em que Melo foi presidente
do TJ, nos anos de 1997 e 1998.
Nesse período, Melo contratou
29 fretamentos em que foram utilizadas 32 aeronaves, tudo sem licitação, segundo a denúncia, sob
alegação de pressa. O fretamento
de uma aeronave para percorrer
oito municípios custou R$ 24.470.
Também houve dispensa de licitação para a compra de dois veículos Toyota Hilux, no valor total
de R$ 188.860, e para construções
e reformas de fóruns e casas de
juízes no interior do Ceará, de
acordo com a denúncia. A justificativa para a dispensa das licitações era sempre a "urgência".
Marques cita no processo o
enriquecimento aparentemente
inexplicável do desembargador,
que tem 37 imóveis, "o que é incompatível com os vencimentos
de magistrado". Ela também citou acusações de tráfico de influência sobre juízes de primeira
instância para determinar sentenças e na distribuição de cartórios
para parentes e assessores.
Além das irregularidades apontadas pela subprocuradora, há
outras denúncias contra o desembargador que estão sendo investigadas pelo Ministério Público.
Uma das acusações é sobre uma
possível fraude no concurso para
advogado da Justiça Militar do Estado, em dezembro de 1998. O
concurso foi presidido por Maria
de Melo, então presidente do TJ.
Apesar do número pequeno de
candidatos (41), o desembargador
constituiu uma comissão examinadora e fiscalizadora do exame
com 63 pessoas -37 eram fiscais-, todas remuneradas, inclusive o próprio Melo.
A prova foi aplicada em dezembro de 1998 e apenas duas horas
depois do término o resultado foi
divulgado: foram aprovados Luís
Eduardo de Lima Martins, filho
do desembargador Gilson Viana
Martins, e Antônio Paulean Bezerra Simões, genro do atual vice-presidente do TJ, desembargador
Francisco da Rocha Victor.
Sob alegação de pressa para os
dois novos advogados assumirem
a função, o próprio presidente do
TJ homologou o concurso, atestando a idoneidade da prova que
ele mesmo havia aplicado, em outra publicação no "Diário da Justiça". A homologação, porém, deveria ter sido feita apenas pelo
pleno do TJ, como determinava o
edital do concurso.
Apesar da pressa, Martins e Simões nunca assumiram os cargos
-ambos trabalham no Tribunal
Regional Eleitoral, com salários
de, respectivamente, R$ 12.084,85
e R$ 9.438,64, somadas as gratificações.
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