São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

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DANÇA DOS MINISTROS

Presidente pede que Patrus procure católicos e intelectuais

Missão de superministro é aproximar Lula de críticos

Bruno Stuckert/Folha Imagem
BRINDE Autorizados por Lula, os futuros ministros Patrus Ananias (à esq.), Eunício Oliveira e Eduardo Campos brindam, com água, a saída da Câmara dos Deputados, durante almoço realizado ontem com o presidente da Casa, João Paulo Cunha (entre Patrus e Eunício)

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Será política a primeira missão do novo superministro da área social, o deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), 51. A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ex-prefeito de BH que reaproxime do governo setores da Igreja Católica e da sociedade civil, como intelectuais de esquerda, que criticaram duramente os programas sociais no primeiro ano da gestão do PT.
Sem mencionar o desejo de Lula, Patrus afirma que sua missão é "agregar mais setores da sociedade para dar um salto de qualidade" nos programas sociais.
"Não estamos começando do zero. Há excelentes programas em andamento", disse ontem o novo ministro da área social.
O Fome Zero continuará a ser uma das prioridades sociais do governo federal. A Folha apurou que Lula pediu que essa marca conste do nome oficial da pasta. Uma possibilidade forte é que ela se chame Ministério do Desenvolvimento Social e do Fome Zero.
Foi decisivo para a escolha de Patrus, antigo militante da esquerda católica, o seu bom trânsito com a igreja e os movimentos sociais. No ano passado, Zilda Arns (Pastoral da Criança) e o bispo de Duque de Caxias (RJ), dom Mauro Morelli, atacaram duramente as ações sociais do governo Lula em geral e o programa Fome Zero em particular.
Esse advogado sindical, que fez carreira universitária como professor, deverá se encontrar com Arns e Morelli em breve.
Mais: dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana (MG), divulgou nota elogiando a escolha do presidente.
"Testemunho sobre a competência de Patrus Ananias no exercício do cargo de prefeito de Belo Horizonte, com especial atenção à população mais pobre e com a procura de participação ativa de seus cooperados", diz a nota.
Na avaliação de Lula, a unificação dos programas sociais em outubro, sob a marca Bolsa-Família, trouxe avanço gerencial à área.
O presidente acredita que o desgaste é mais político, até de comunicação, e que Patrus tem uma boa imagem para revertê-lo.
Benedita da Silva, por exemplo, arranhou a imagem do governo federal e da área social ao viajar para Buenos Aires para um ato evangélico com parte das despesas paga pelo Tesouro.

Estréia como ministro
Patrus começou o dia de ontem, o primeiro como ministro de fato, com uma conversa com o presidente, que lhe pediu para procurar Benedita da Silva e José Graziano, ministros cujas pastas (Assistência Social e Segurança Alimentar, nessa ordem) serão fundidas no novo ministério, que contará ainda com o Bolsa-Família, coordenado por Ana Fonseca, lotada na Presidência.
De manhã, Patrus se reuniu com Graziano. À tarde, com Ana Fonseca. Até a conclusão desta edição, não havia encontrado Benedita da Silva.
Patrus disse que rende "homenagens" a Graziano e Benedita e que está fazendo uma espécie de "triagem de projetos".
"Continuamos a buscar soluções para o povo mais pobre do Brasil, que deve ser a nossa principal preocupação", afirmou o superministro social.
(KENNEDY ALENCAR)

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