São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

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Suposto mandante vive há um ano em Anapu

DA AGÊNCIA FOLHA

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, 34, o Bida, principal suspeito de ser o mandante da morte de Dorothy Stang, está há cerca de um ano na região de Anapu, no Pará.
Desde o início das investigações, o fazendeiro é considerado suspeito de participação no assassinato. Ele teve a prisão preventiva decretada no dia 13, um dia depois da morte da freira, e desde então está foragido.
Moura reivindica a posse do loteamento 55, localizado na gleba Bacajá, em Anapu (a 140 km de Altamira, no Pará). A área também é reivindicada por 220 famílias de agricultores, que eram liderados pela freira, para implantação do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança.
Moura não mora em Anapu. Sua base de atuação é Xinguara, sul do Pará, onde também trabalha com terras. Ao chegar a Anapu, desde 2004, ele se hospeda em hotéis da cidade antes de se dirigir para as terras que diz serem suas.
Alto e magro, testemunhas dizem que ele sempre está usando um chapéu de couro branco. Na cidade ou no lote, ele usava uma camionete Mitsubshi, avaliada em cerca de R$ 90 mil.
Amair Feijoli da Cunha, apontado como intermediário na morte da freira, que teria contratado os pistoleiros, é amigo de Bida desde a adolescência. Na cidade, testemunhas dizem que os dois eram vistos juntos.
O advogado Augusto Septimio, que defende o fazendeiro, disse que ele não está mais na região e que saiu temendo pela vida. Ele descartou a possibilidade de Moura se apresentar à polícia antes da conclusão dos inquéritos.
Em depoimento à Polícia Civil, Eduardo e Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, também suspeito, disseram que o fazendeiro faria uma cota com outras pessoas interessadas na morte da missionária para pagá-los pelo trabalho. Eles afirmaram também que o fazendeiro deu R$ 50 a eles para ajudar na fuga e que escondeu a arma do crime na fazenda Boa Sorte 1, que fica a 8 km do local do crime, e que também pertence a ele.
Dias depois do crime, duas pessoas listadas como testemunhas no inquérito disseram ter recebido ameaças do fazendeiro por meio de trabalhadores rurais.
Testemunhas relataram ter visto um avião decolar de uma fazenda de amigos de Bida na tarde em que a Dorothy foi morta.


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