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Palocci se isola e não vai à Fazenda
há uma semana
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As acusações contra o ministro
Antonio Palocci alteraram a rotina no Ministério da Fazenda. Ao
se isolar numa sala no Palácio do
Planalto, onde se refugiou nos últimos oito dias para evitar ser
abordado pela imprensa ao chegar ao trabalho, Palocci obriga os
técnicos que trabalham com ele a
se deslocarem diariamente para o
palácio para despachar assuntos
da rotina do ministério.
Toda estrutura de apoio do ministro permanece trabalhando
normalmente na Fazenda. As ligações são transferidas para o número em que ele está atendendo
no Planalto.
O corpo técnico que trabalha na
elaboração de medidas e tem tomado as decisões no dia-a-dia da
Fazenda precisa ir ao palácio. É o
caso dos secretários executivo,
Murilo Portugal, de Política Econômica, Bernardo Appy, do Tesouro, Joaquim Levy, e da Receita
Federal, Jorge Rachid.
Na prática, Portugal é quem está
tocando os assuntos técnicos, enquanto Palocci se ocupa com a
crise da qual ele é figura central.
Mas a posição da equipe em relação a determinados assuntos é
discutida previamente com o ministro. É o caso das conversas com
os técnicos do Ministério da Agricultura para definir liberação de
recursos para o setor.
A sala cativa de Palocci fica no
terceiro andar do palácio. O ministro entra e sai do Planalto pela
garagem do subsolo. Ele não tem
saído nem para almoçar.
Ontem, mesmo diante da pressão que enfrenta para deixar o
cargo, procurou demonstrar
tranqüilidade. À tarde, o ministro
recebeu uma comissão de deputados e senadores para tratar do Orçamento. Segundo alguns dos
presentes relataram à reportagem, Palocci teve um comportamento normal durante o despacho com parlamentares. Estava
sorridente, de terno e gravata e
com o cabelo penteado.
A última vez que Palocci esteve
no ministério foi na terça da semana passada, quando foi publicada a primeira entrevista do caseiro Francenildo Costa. Antes,
Palocci costumava passar algumas manhãs no Planalto, mas geralmente ia ao ministério à tarde.
O ministro passou aquela terça-feira acertando a estratégia para
se defender. Sua assessoria negociou com a consultoria Tendências, pertencente ao ex-ministro
da Fazenda Maílson da Nóbrega e
ao ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, uma conferência por telefone com investidores e analistas de mercado. Assim, ele pôde evitar o constrangimento de ficar apenas se defendendo de acusações e aproveitou
para falar sobre economia.
A conversa, que durou uma hora, foi transmitida do gabinete de
Palocci. De lá para cá, ele não esteve mais no ministério.
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