da Sucursal do Rio

O engenheiro civil Sergio de Souza Leite, perito revisor que co-assinou o laudo criminalístico da batida de carro em que morreu Zuzu Angel, afirmou que existe possibilidade de as conclusões apresentadas no laudo estarem completamente erradas.
"Se não houver mesmo rastro de pneus, como está parecendo na foto, você descalça o laudo, é preciso reformular tudo", afirmou à Folha o engenheiro. "O rastro é o ponto nevrálgico do problema."
É a primeira vez, em quase 22 anos, que alguém ligado à apuração do caso admite que o laudo pericial pode estar equivocado.
O engenheiro foi perito do ICCE de 70 a 95, quando foi afastado "a bem do serviço público", sob acusação de fraudar nove laudos.
Ele afirma não ter sido condenado em nenhum processo em função das acusações -nenhuma relativa ao caso Zuzu Angel- e está pedindo a sua reintegração.
A legislação exige que pelo menos dois peritos assinem laudos. O perito relator do caso Zuzu Angel foi Élson Rangel Lopes. O perito revisor foi Sergio de Souza Leite.
"Eu não estive no local, quem esteve foi o Rangel", disse Leite. O perito Rangel, ainda na ativa, defendeu em entrevista à Folha o seu laudo, inclusive a descrição das marcas de pneus.
Quando lhe foi mostrada a foto sem as marcas, Rangel afirmou: "É, estranho, não tem. Não é preciso ter foto. Eu tenho fé pública".
Entre as fotos, uma mostra o caminhão de transporte de cadáveres, na época da Polícia Civil -hoje a função é dos Bombeiros.
O boletim de ocorrência registrou o "acidente" às 3h. Rangel disse que chegou ao local às 3h20. Pouco depois foram feitas as fotos.
"É impossível aceitar que aquele rabecão estivesse logo ali", disse Sergio Leite. "Na época, a polícia tinha só um ou dois rabecões." Ele disse não acreditar que Zuzu Angel tenha sido assassinada. (MM)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice