São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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Justiça em AL quer contratar 1.259

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

A disputa entre o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), e os poderes Judiciário e Legislativo no Estado esquentou nos últimos dias, depois que o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Orlando Manso, anunciou a contratação de 1.259 novos funcionários, por concurso, no segundo semestre.
O TJ alagoano possui 2.000 servidores e ficará com 3.259. Com as contratações, o desembargador vai requerer um aumento de R$ 1,5 milhão no repasse mensal, que hoje é de R$ 5 milhões, do governo estadual para o Judiciário.
A Assembléia Legislativa também está insatisfeita com os atos do governador, que bloqueou R$ 590 mil em repasses que o Estado deveria fazer para a Casa. A deputada Ziane Costa (PDT), presidente da Assembléia, entrou com uma ação judicial e conseguiu uma liminar para que Lessa repassasse o dinheiro. O governo de Alagoas recorreu.
Os recursos retidos são referentes ao pagamento do Imposto de Renda dos servidores e do repasse que o Legislativo tem de fazer para o Ipaseal (Instituto de Previdência e Assistência Social do Estado).
Lessa ameaçou também cortar os repasses no Tribunal de Justiça, irritando o desembargador Orlando Manso.
""O Ronaldo Lessa deve cuidar da casa dele e deixar de se preocupar com a dos outros. Do TJ cuido eu", afirmou Manso.
O desembargador justificou as contratações afirmando que muitos juízes estão tendo de trabalhar em até três comarcas, ""o que aumenta muito o trabalho deles". Segundo Manso, a maioria das contratações será para preencher vagas de escrivães.
O governador Ronaldo Lessa irritou-se ao saber que o TJ não iria pagar os R$ 11 milhões devidos ao Estado, contraídos por outros presidentes. ""É um absurdo dizer que não pagará os atrasados. Eu não posso dizer isso ao presidente Fernando Henrique Cardoso", disse Lessa.
Há duas semanas, após reunião com Manso, ele afirmou que o Judiciário tinhas gorduras e chegou a apresentar seu próprio contracheque, no valor bruto de R$ 6.300, para criticar o teto salarial líquido do Judiciário que é, segundo ele, de R$ 9.800.
""Eu queria poder pagar a Justiça que o presidente Manso quer. Mas não adianta ter uma Justiça perfeita se não há combustível para prender bandidos e dinheiro para manter hospitais", afirmou Lessa.


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