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ELEIÇÕES 2004
Governador de SP diz que secretário é o funcionário público número 1; pré-candidatos a prefeito cobram neutralidade
Alckmin elogia Saulo e contraria tucanos
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
No mesmo dia em que pré-candidatos do PSDB à prefeitura paulistana reclamaram nos bastidores da interferência do governador Geraldo Alckmin (SP), no
processo de pré-convenção do
partido, o tucano chamou o secretário da Segurança Pública, Saulo
de Abreu Filho, "de funcionário
público número 1" do Estado.
O governador disse ser "natural" ter uma preferência e que,
apesar de todos os pré-candidatos
serem "ótimos", terá de votar
num único nome. O secretário da
Segurança Pública é o preferido
de Alckmin para a disputa.
As declarações de Alckmin irritaram outros pré-candidatos. Um
deles disse que o governador deve
ter "bom senso". Um segundo,
que, por uma questão de ética, ele
não deveria declarar sua preferência. "Ele me incentivou a tentar
me viabilizar no partido. Não é
certo tentar nos tirar agora."
Ontem, ao ser questionado se o
seu voto na pré-convenção não
irá desequilibrar a disputa, Alckmin disse que todos os postulantes são "ótimos", mas que tem de
votar "num só". "Acho que é natural que todo mundo tenha a sua
preferência, e isso não é demérito
para ninguém", declarou em
evento numa delegacia, ao lado
Saulo, a quem fez vários elogios.
Os outros pré-candidatos do
partido -os deputados federais
Walter Feldman e Zulaiê Cobra e
o ex-presidente nacional do PSDB
José Aníbal- temem que o apoio
de Alckmin ao secretário possa
influenciar o voto dos 983 delegados da legenda no dia 16, data
marcada para a pré-convenção.
Ontem, horas depois dos elogios do governador à gestão Saulo, todos os pré-candidatos reuniram-se com o presidente municipal do partido, Edson Aparecido.
No encontro, que ocorreu na
casa do deputado estadual, discutiram detalhes da pré-convenção.
Os tucanos tomaram vinho e falaram sobre a necessidade de mostrar unidade do partido e de aprimorar o discurso contra o PT, da
prefeita Marta Suplicy, pré-candidata à reeleição. Foi a primeira vez
que os quatro se encontraram para discutir a disputa na sigla.
"O clima estava muito calmo.
Todos os pré-candidatos afirmaram que vamos juntos para a eleição sob a liderança do governador", disse Edson Aparecido.
"Firmamos um código de conduta para esse processo, que será dificílimo", completou Feldman.
"Foi uma reunião muito tranqüila. Somos amigos de muito tempo", declarou Saulo, para quem o
apoio de Alckmin é "mais um"
entre o de 983 delegados aos quais
está pedindo voto.
Uma das preocupações dos pré-candidatos é a questão das urnas a
serem usadas na prévia antecipada. Cogita-se a adoção de urnas
eletrônicas a fim de que nenhum
deles tenha como mapear os votos dos militantes.
Outra reclamação freqüente,
mas que não foi colocada em pauta no encontro de ontem, é o papel da GW Comunicação, produtora que faz trabalhos para o governo do Estado e que elabora tradicionalmente as campanhas eleitorais do PSDB paulista. A empresa, avaliam alguns dos tucanos,
trabalha em favor do nome de
Saulo como candidato do partido.
Um dia depois de ter dito que
Saulo "pode ser" o nome de seu
candidato, o governador fez elogios públicos ao seu secretário.
"O Saulo é um servidor público
por vocação. Como secretário,
tem se esforçado e estimulado a
equipe toda da polícia para enfrentar esse problemão, que é o da
Segurança Pública no mundo e,
especialmente, no Brasil."
Segundo Alckmin, o governo
não tem candidato. "Nem o governador. Como filiado ao partido, no momento adequado vou
me manifestar. Os quatro pré-candidatos são ótimos."
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