São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004

Governador de SP diz que secretário é o funcionário público número 1; pré-candidatos a prefeito cobram neutralidade

Alckmin elogia Saulo e contraria tucanos

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

No mesmo dia em que pré-candidatos do PSDB à prefeitura paulistana reclamaram nos bastidores da interferência do governador Geraldo Alckmin (SP), no processo de pré-convenção do partido, o tucano chamou o secretário da Segurança Pública, Saulo de Abreu Filho, "de funcionário público número 1" do Estado.
O governador disse ser "natural" ter uma preferência e que, apesar de todos os pré-candidatos serem "ótimos", terá de votar num único nome. O secretário da Segurança Pública é o preferido de Alckmin para a disputa.
As declarações de Alckmin irritaram outros pré-candidatos. Um deles disse que o governador deve ter "bom senso". Um segundo, que, por uma questão de ética, ele não deveria declarar sua preferência. "Ele me incentivou a tentar me viabilizar no partido. Não é certo tentar nos tirar agora."
Ontem, ao ser questionado se o seu voto na pré-convenção não irá desequilibrar a disputa, Alckmin disse que todos os postulantes são "ótimos", mas que tem de votar "num só". "Acho que é natural que todo mundo tenha a sua preferência, e isso não é demérito para ninguém", declarou em evento numa delegacia, ao lado Saulo, a quem fez vários elogios.
Os outros pré-candidatos do partido -os deputados federais Walter Feldman e Zulaiê Cobra e o ex-presidente nacional do PSDB José Aníbal- temem que o apoio de Alckmin ao secretário possa influenciar o voto dos 983 delegados da legenda no dia 16, data marcada para a pré-convenção.
Ontem, horas depois dos elogios do governador à gestão Saulo, todos os pré-candidatos reuniram-se com o presidente municipal do partido, Edson Aparecido.
No encontro, que ocorreu na casa do deputado estadual, discutiram detalhes da pré-convenção. Os tucanos tomaram vinho e falaram sobre a necessidade de mostrar unidade do partido e de aprimorar o discurso contra o PT, da prefeita Marta Suplicy, pré-candidata à reeleição. Foi a primeira vez que os quatro se encontraram para discutir a disputa na sigla.
"O clima estava muito calmo. Todos os pré-candidatos afirmaram que vamos juntos para a eleição sob a liderança do governador", disse Edson Aparecido. "Firmamos um código de conduta para esse processo, que será dificílimo", completou Feldman. "Foi uma reunião muito tranqüila. Somos amigos de muito tempo", declarou Saulo, para quem o apoio de Alckmin é "mais um" entre o de 983 delegados aos quais está pedindo voto.
Uma das preocupações dos pré-candidatos é a questão das urnas a serem usadas na prévia antecipada. Cogita-se a adoção de urnas eletrônicas a fim de que nenhum deles tenha como mapear os votos dos militantes.
Outra reclamação freqüente, mas que não foi colocada em pauta no encontro de ontem, é o papel da GW Comunicação, produtora que faz trabalhos para o governo do Estado e que elabora tradicionalmente as campanhas eleitorais do PSDB paulista. A empresa, avaliam alguns dos tucanos, trabalha em favor do nome de Saulo como candidato do partido.
Um dia depois de ter dito que Saulo "pode ser" o nome de seu candidato, o governador fez elogios públicos ao seu secretário.
"O Saulo é um servidor público por vocação. Como secretário, tem se esforçado e estimulado a equipe toda da polícia para enfrentar esse problemão, que é o da Segurança Pública no mundo e, especialmente, no Brasil."
Segundo Alckmin, o governo não tem candidato. "Nem o governador. Como filiado ao partido, no momento adequado vou me manifestar. Os quatro pré-candidatos são ótimos."


Texto Anterior: Eleições 2004: A embaixadores europeus, Marta ataca FHC
Próximo Texto: Diplomacia: Brasil contraria EUA em projeto debatido na ONU
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.