São Paulo, Sexta-feira, 23 de Abril de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Balancetes foram endereçados ao "professor Francisco"
Papéis indicam vínculo de Lopes com consultoria

dos enviado especiais ao Rio


Um conjunto de documentos contendo balancetes da empresa Macrométrica e endereçado ao "professor Francisco" é o mais novo indício, encontrado na documentação apreendida na casa do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, de que ele seguiu ligado à Macrométrica quando estava na direção do BC.
Lopes foi fundador da Macrométrica nos anos 80 e, ao entrar para a direção do BC, em janeiro de 1995 (como diretor), teria que deixar a empresa. De acordo com o senador Saturnino Braga (PSB-RJ), da CPI dos Bancos, os balancetes, referentes a "vários meses de 1998", estavam entre os documentos encontrados na casa de Lopes.
Segundo a Folha apurou, os documentos são planilhas eletrônicas impressas com dados de 1996 a 1998. Os valores indicam movimentações mensais que giravam em torno de R$ 1.000 a R$ 8.000.
Essas planilhas relacionavam os lucros de quatro razões sociais (empresas) sob o nome Macrométrica. Havia depósitos para apenas dois sócios: Estevão Kopschitz e outro cujo nome não foi apurado.
Este segundo nome tinha sempre seu extrato anotado no verso de cada folha, com valores de retiradas e anotações manuscritas em nome de Ciça, Stefania e outras pessoas. Ciça é Araci Pugliese, mulher de Francisco Lopes, e Stefania é o nome da filha do casal.
"Em princípio, me parece que existe um envolvimento generalizado de todos os nomes que vocês (os jornalistas) têm falando", disse o senador João Alberto (PMDB-MA), relator da CPI.
Ele acabara de examinar parte dos documentos apreendidos pela Procuradoria da República e pela PF nas casas de Lopes e Salvatore Cacciola, dono do Banco Marka, e nas sedes da Macrométrica e dos bancos Marka e FonteCindam.
Segundo o procurador da República Davy Lincoln Rocha, o material encontrado até agora na casa de Lopes com referências à Macrométrica indica que ele pode ter cometido improbidade administrativa ao acumular cargo no BC com a direção de fato de uma empresa prestadora de serviços ao mercado financeiro -que tem o próprio BC entre seus clientes. Segundo ele, a improbidade administrativa é crime civil, não passível de punição penal. (CHICO SANTOS, FERNANDO RODRIGUES e RICARDO GALHARDO)


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