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MARKETING
Anúncio terá forma jornalística
Governo inicia nova campanha na TV
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O governo federal começa a veicular a partir de hoje, em horário
nobre e em todas as redes de TV do
país, uma série de anúncios sob a
forma de um telejornal com o título de "Notícias do Brasil".
Cada peça terá um minuto de duração. Será apresentada duas vezes
por semana, sempre nas sextas, sábados e domingos, em cada uma
das redes. A cada semana, o assunto do anúncio mudará.
A Folha assistiu ontem ao primeiro, que vai ao ar hoje, e a versões não finalizadas de mais dois.
O tema do anúncio de hoje é o Incra. A peça é bem realizada tecnicamente. Dois jornalistas - Geraldo Anhaia e Amália Rocha -
atuam como âncoras de um telejornal. Depoimentos de personagens e gráficos computadorizados
aparecem durante o anúncio.
O formato lembra experiência
fracassada feita durante o governo
José Sarney, em outubro de 1988.
O telejornal-anúncio da época se
chamava BR-TV e sua vida durou
três dias.
Há algumas diferenças importantes entre os dois projetos: o de
Sarney durava quatro minutos e
era apresentado em rede nacional.
Algumas emissoras se recusaram
a retransmitir o anúncio, vários
meios de comunicação o criticaram com dureza e o governo resolveu encerrá-lo abruptamente.
Desta vez, a campanha é paga, e a
duração do anúncio é quatro vezes
menor. Segundo Antonio Prado
Jr., secretário de publicidade institucional da Secretaria de Comunicação, "Brasil em Notícias" vai
consumir cerca de 25% dos R$ 70
milhões que constituem a verba de
publicidade do governo federal.
Essa verba, diz o secretário Andrea Matarazzo, é 40% inferior à
de 1998. Ele acha que o novo formato, por ter custos que correspondem a um terço de um anúncio
tradicional, vai permitir gastar
menos e comunicar mais.
Para evitar a possibilidade de o
telespectador se deixar iludir,
achando que o anúncio é um programa jornalístico, o novo logotipo do governo federal aparece no
canto direito superior da tela em
quase toda a duração da peça que,
ao final, é assinada pelo governo.
Mesmo assim, pessoas menos
observadoras poderão se confundir com a peça, que parece um "advertorial", termo usado nos EUA
para designar anúncios que usam
linguagem jornalística.
Matarazzo diz ter decidido usar a
linguagem jornalística por ela ser
universal, simples, facilmente absorvível por todo o público. O objetivo, diz, é mostrar à população o
que o governo está fazendo.
"Notícias do Brasil" faz parte da
estratégia de Matarazzo, que assumiu o cargo em janeiro, de unificar
a linguagem da comunicação governamental. Mas campanhas especiais (como de vacinação ou
combate à Aids) e institucionais
(como as das Forças Armadas) não
serão incorporadas por ele.
A Secretaria de Comunicação estuda a possibilidade de também
produzir "Notícias do Brasil" em
versão radiofônica. Mas as datas
para isso ainda não foram fixadas.
A novidade no rádio é a "Voz do
Brasil" modificada, que Matarazzo
levará à aprovação do presidente
Fernando Henrique Cardoso na
próxima semana e que deverá estrear no início do mês de maio.
Embora ainda se mantenha a tradicional abertura de "O Guarani"
como prefixo (mas um trecho
muito menor do que o atual), toda
a estrutura do programa mudará.
A Folha ouviu o programa-piloto, que tem âncoras, entradas de
repórteres em vários locais do país
e do mundo e entrevistas ao vivo.
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