São Paulo, Sexta-feira, 23 de Abril de 1999
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MARKETING
Anúncio terá forma jornalística
Governo inicia nova campanha na TV

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

O governo federal começa a veicular a partir de hoje, em horário nobre e em todas as redes de TV do país, uma série de anúncios sob a forma de um telejornal com o título de "Notícias do Brasil".
Cada peça terá um minuto de duração. Será apresentada duas vezes por semana, sempre nas sextas, sábados e domingos, em cada uma das redes. A cada semana, o assunto do anúncio mudará.
A Folha assistiu ontem ao primeiro, que vai ao ar hoje, e a versões não finalizadas de mais dois.
O tema do anúncio de hoje é o Incra. A peça é bem realizada tecnicamente. Dois jornalistas - Geraldo Anhaia e Amália Rocha - atuam como âncoras de um telejornal. Depoimentos de personagens e gráficos computadorizados aparecem durante o anúncio.
O formato lembra experiência fracassada feita durante o governo José Sarney, em outubro de 1988.
O telejornal-anúncio da época se chamava BR-TV e sua vida durou três dias.
Há algumas diferenças importantes entre os dois projetos: o de Sarney durava quatro minutos e era apresentado em rede nacional.
Algumas emissoras se recusaram a retransmitir o anúncio, vários meios de comunicação o criticaram com dureza e o governo resolveu encerrá-lo abruptamente.
Desta vez, a campanha é paga, e a duração do anúncio é quatro vezes menor. Segundo Antonio Prado Jr., secretário de publicidade institucional da Secretaria de Comunicação, "Brasil em Notícias" vai consumir cerca de 25% dos R$ 70 milhões que constituem a verba de publicidade do governo federal.
Essa verba, diz o secretário Andrea Matarazzo, é 40% inferior à de 1998. Ele acha que o novo formato, por ter custos que correspondem a um terço de um anúncio tradicional, vai permitir gastar menos e comunicar mais.
Para evitar a possibilidade de o telespectador se deixar iludir, achando que o anúncio é um programa jornalístico, o novo logotipo do governo federal aparece no canto direito superior da tela em quase toda a duração da peça que, ao final, é assinada pelo governo.
Mesmo assim, pessoas menos observadoras poderão se confundir com a peça, que parece um "advertorial", termo usado nos EUA para designar anúncios que usam linguagem jornalística.
Matarazzo diz ter decidido usar a linguagem jornalística por ela ser universal, simples, facilmente absorvível por todo o público. O objetivo, diz, é mostrar à população o que o governo está fazendo.
"Notícias do Brasil" faz parte da estratégia de Matarazzo, que assumiu o cargo em janeiro, de unificar a linguagem da comunicação governamental. Mas campanhas especiais (como de vacinação ou combate à Aids) e institucionais (como as das Forças Armadas) não serão incorporadas por ele.
A Secretaria de Comunicação estuda a possibilidade de também produzir "Notícias do Brasil" em versão radiofônica. Mas as datas para isso ainda não foram fixadas.
A novidade no rádio é a "Voz do Brasil" modificada, que Matarazzo levará à aprovação do presidente Fernando Henrique Cardoso na próxima semana e que deverá estrear no início do mês de maio.
Embora ainda se mantenha a tradicional abertura de "O Guarani" como prefixo (mas um trecho muito menor do que o atual), toda a estrutura do programa mudará.
A Folha ouviu o programa-piloto, que tem âncoras, entradas de repórteres em vários locais do país e do mundo e entrevistas ao vivo.


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