|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MISTÉRIO EM ALAGOAS
Novos responsáveis pelo inquérito da morte de PC e da namorada não acreditam que ela tenha se matado
Delegados descartam a tese de suicídio
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
Os delegados
Antônio Carlos
Azevedo Lessa e
Alcides Andrade de Alencar,
responsáveis
pelas novas investigações sobre a morte de Paulo César Farias e
de sua namorada afirmaram ontem que "descartam totalmente" a
hipótese do laudo oficial de que
Suzana Marcolino suicidou-se.
Eles chegaram a essa conclusão
após estudarem sete dias os dez
volumes do inquérito sobre as
mortes, ocorridas em 23 de junho
de 96, na casa da praia de Guaxuma (litoral norte de Maceió) do ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor.
"É ponto pacífico que Suzana foi
executada. Agora estamos procurando provas para saber quem devemos indiciar pela morte dela",
afirmou o delegado Alencar à
Agência Folha, em uma reunião
com o colega Antônio Lessa, na
manhã de ontem na delegacia do
3º Distrito Policial de Maceió (AL).
Segundo o relato dos dois delegados, são duas as hipóteses a serem
investigadas nos próximos dias:
1) Suzana matou PC e depois foi
assassinada pelos seguranças da
casa. "Hipótese que traz consigo a
exigência de um mandante", afirma Antônio Lessa;
2) tanto PC quanto Suzana foram
assassinados como parte de uma
trama da qual os delegados ainda
não possuem pistas nem há indícios nos autos.
Alencar e Lessa explicam que
descartam a tese de homicídio seguido de suicídio pelos erros já
confirmados na perícia coordenada pelo legista Fortunato Badan
Palhares. Segundo eles, as fotos
publicadas pela Folha deixam claro que Suzana era mais baixa que
PC, portanto todo o trabalho de
Badan Palhares tentando confirmar o suicídio fica "invalidado".
Os delegados citam também outros motivos para excluírem a possibilidade de suicídio de Suzana.
Entre eles estão o sumiço do telefone celular que Suzana usou para
fazer ligações na madrugada dos
crimes para o dentista paulista
Fernando Colleoni e a afirmação
dos seguranças, do vigia e do casal
de caseiros de que não ouviram os
tiros. "As duas perícias afirmam
que os tiros teriam que ser ouvidos. Então tem alguém escondendo alguma coisa no caso", afirmou
Antônio Lessa.
Ainda segundo os delegados, no
primeiro telefonema dado por Suzana para o dentista, ouve-se, segundo laudo de Ricardo Molina,
na época Diretor do Departamento de Fonética Forense da Unicamp, uma voz masculina, que não
foi identificada como sendo a de
PC, e que diz: "Te arruma... Tamos
esperando".
Na análise dos delegados, a voz
não poderia ser de PC, até pela forma inculta das expressões. "Mesmo que o PC falasse errado, ele não
diria "tamos esperando". Faria uma
colocação no singular. Por isso estamos convictos de que teria alguém mais no quarto além deles
dois", afirmou Andrade.
Para tentar esclarecer o caso, os
delegados começam a interrogar
na próxima segunda-feira todas as
pessoas que passaram pela casa no
dia anterior e no dia do crime.
Texto Anterior: Programa de renda mínima é lançado hoje Próximo Texto: Filhos serão ouvidos em AL Índice
|