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Figueiredo já passava dados ao Paraguai em 1965
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ASSUNÇÃO
Um documento que fazia parte
dos arquivos sobre a Operação
Condor, no Paraguai, mostra que
o ex-presidente João Baptista Figueiredo (79-85) passava, já em
1965, informações sobre paraguaios que viviam no Brasil ao governo de Alfredo Stroessner.
O informe, encontrado quando
os arquivos foram abertos, em
1992, está hoje desaparecido, mas
o presidente do Movimento de
Justiça e Direitos Humanos do
Rio Grande do Sul, Jair Krischke,
tirou uma cópia dele em 1993.
O documento foi enviado pelo
então coronel Figueiredo ao embaixador paraguaio Raul Peña.
"Averiguações realizadas em Mato Grosso comprovam que existe
uma articulação de elementos paraguaios organizados em três colunas com o objetivo de fazer explodir um movimento revolucionário por meio de ações guerrilheiras contra o governo do presidente Stroessner", diz, revelando
14 nomes de paraguaios. Figueiredo informa que já haviam ocorrido, no Brasil, prisões de paraguaios ligados com a guerrilha.
A informação sobre o desaparecimento de alguns documentos,
entre eles o de Figueiredo, foi confirmada pelo médico Alfredo Boccia Paz, autor do livro "Es mi informe" e pelo senador Francisco
de Vargas, que disse ter visto, antes de 1993, pelo menos um dos
documentos desaparecidos.
Também desaparecem um documento relatando os métodos
utilizados pela Agência Interamericana de Desenvolvimento e a
carta pela qual o bispo Demetrio
Aquino informava o chefe de investigações, Pastor Coronel, sobre
atividades da Igreja Católica. O
bispo era conhecido por sua ligação com Alfredo Stroessner.
O professor Martín Almada,
que descobriu os "arquivos do
terror" no Paraguai, quer uma investigação sobre os desaparecimentos: "O mais grave não é o
que sumiu depois, é o que deve ter
sumido antes da abertura dos arquivos".
(LÉO GERCHMANN)
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