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NEO-ALIADOS
Lista contempla 19 postos para o partido, entre eles 3
embaixadas
Governo oferece cardápio de cargos pelo apoio do PMDB
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Deputados e senadores do
PMDB afirmaram à Folha ter visto no Congresso em reuniões reservadas lista com os principais 19
cargos federais oferecidos ao partido depois da adesão ao governo.
O papel foi copiado por um
congressista e seu conteúdo repassado à Folha. Ali estão relacionados cargos que a cúpula governista do PMDB recebeu ou ainda
vai receber nos próximos dias. É
uma espécie de primeira prestação de um acerto com o governo
que deve culminar com mais cargos e, possivelmente, um ou dois
ministérios até o final do ano.
No governo Lula, o procedimento para arregimentação de
partidos para a base governista
tem sido diferente do usado durante a administração de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). FHC entregava cargos e
ministérios logo no início. Os petistas preferem primeiro dar algumas posições de segundo e terceiro escalão, cobrar fidelidade nas
votações, para depois entregar o
pacote completo.
Chama a atenção na lista o fato
de que foram prometidas três embaixadas a políticos com influência em facções do PMDB. Uma já
foi entregue, a de Roma, para o
ex-presidente Itamar Franco, que,
apesar de não filiado, é considerado da cota peemedebista.
Outra deve ser destinada a Paes
de Andrade, ex-deputado federal
pelo Ceará e sogro do líder do
PMDB na Câmara, Eunício Oliveira. Andrade deve ficar em breve com a embaixada de Lisboa,
em Portugal.
Finalmente, a ala goiana do
PMDB deverá ser representada
no exterior por Iris Rezende, ex-governador de Goiás e ex-ministro da Justiça de FHC.
A lista obtida pela Folha também contém uma curiosidade. O
PT estaria oferecendo apenas
uma diretoria do Banco do Brasil
para finalidades políticas. Seria a
de Relações Internacionais, que
foi ocupada nos anos FHC por Ricardo Sérgio Oliveira, ex-caixa de
campanha de tucanos.
Há também ofertas de cargos
nas diretorias do Banco do Nordeste, do Banco da Amazônia e da
CEF (Caixa Econômica Federal).
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), terá o direito
de indicar -ou de manter o atual
ocupante- na diretoria da CEF e
na presidência da Eletronorte.
Sarney participa de todas as reuniões mais importantes com o governo para tratar da entrada do PMDB no governo Lula.
O portador da lista de cargos é o
ministro da Casa Civil, José Dirceu, e seus assessores. A Folha
procurou a Casa Civil e perguntou se havia de fato um cardápio
de cargos oferecido aos peemedebistas. Não houve resposta até a
conclusão desta edição.
Consultados, os líderes do
PMDB na Câmara e no Senado
deram respostas semelhantes.
"Não há uma lista. O que há são
negociações específicas e pontuais", declarou o deputado Eunício Oliveira.
O líder peemedebista no Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou que "não há negociação institucional de cargos": "Estão sendo atendidos alguns pleitos de
peemedebistas que apoiaram Lula desde o primeiro turno. Mas é
natural que o partido, a partir do
momento que dê sustentação ao
governo no Congresso, divida as
responsabilidades e participe do
primeiro escalão".
O PMDB fará na terça-feira reunião para aderir formalmente ao
governo. A data coincide com a
possível ida de 35 dos 46 deputados do PP (ex-PPB) ao Planalto
para oferecer apoio ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Dos 13 integrantes da Executiva
do PMDB, ao menos 9 devem votar a favor da aliança. No PP, o
presidente da sigla, Pedro Corrêa
(PE), defende a adesão formal da
sigla, mas foi voto vencido.
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