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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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NEO-ALIADOS

Lista contempla 19 postos para o partido, entre eles 3 embaixadas

Governo oferece cardápio de cargos pelo apoio do PMDB

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Deputados e senadores do PMDB afirmaram à Folha ter visto no Congresso em reuniões reservadas lista com os principais 19 cargos federais oferecidos ao partido depois da adesão ao governo.
O papel foi copiado por um congressista e seu conteúdo repassado à Folha. Ali estão relacionados cargos que a cúpula governista do PMDB recebeu ou ainda vai receber nos próximos dias. É uma espécie de primeira prestação de um acerto com o governo que deve culminar com mais cargos e, possivelmente, um ou dois ministérios até o final do ano.
No governo Lula, o procedimento para arregimentação de partidos para a base governista tem sido diferente do usado durante a administração de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). FHC entregava cargos e ministérios logo no início. Os petistas preferem primeiro dar algumas posições de segundo e terceiro escalão, cobrar fidelidade nas votações, para depois entregar o pacote completo.
Chama a atenção na lista o fato de que foram prometidas três embaixadas a políticos com influência em facções do PMDB. Uma já foi entregue, a de Roma, para o ex-presidente Itamar Franco, que, apesar de não filiado, é considerado da cota peemedebista.
Outra deve ser destinada a Paes de Andrade, ex-deputado federal pelo Ceará e sogro do líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira. Andrade deve ficar em breve com a embaixada de Lisboa, em Portugal.
Finalmente, a ala goiana do PMDB deverá ser representada no exterior por Iris Rezende, ex-governador de Goiás e ex-ministro da Justiça de FHC.
A lista obtida pela Folha também contém uma curiosidade. O PT estaria oferecendo apenas uma diretoria do Banco do Brasil para finalidades políticas. Seria a de Relações Internacionais, que foi ocupada nos anos FHC por Ricardo Sérgio Oliveira, ex-caixa de campanha de tucanos.
Há também ofertas de cargos nas diretorias do Banco do Nordeste, do Banco da Amazônia e da CEF (Caixa Econômica Federal).
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), terá o direito de indicar -ou de manter o atual ocupante- na diretoria da CEF e na presidência da Eletronorte. Sarney participa de todas as reuniões mais importantes com o governo para tratar da entrada do PMDB no governo Lula.
O portador da lista de cargos é o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e seus assessores. A Folha procurou a Casa Civil e perguntou se havia de fato um cardápio de cargos oferecido aos peemedebistas. Não houve resposta até a conclusão desta edição.
Consultados, os líderes do PMDB na Câmara e no Senado deram respostas semelhantes. "Não há uma lista. O que há são negociações específicas e pontuais", declarou o deputado Eunício Oliveira.
O líder peemedebista no Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou que "não há negociação institucional de cargos": "Estão sendo atendidos alguns pleitos de peemedebistas que apoiaram Lula desde o primeiro turno. Mas é natural que o partido, a partir do momento que dê sustentação ao governo no Congresso, divida as responsabilidades e participe do primeiro escalão".
O PMDB fará na terça-feira reunião para aderir formalmente ao governo. A data coincide com a possível ida de 35 dos 46 deputados do PP (ex-PPB) ao Planalto para oferecer apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dos 13 integrantes da Executiva do PMDB, ao menos 9 devem votar a favor da aliança. No PP, o presidente da sigla, Pedro Corrêa (PE), defende a adesão formal da sigla, mas foi voto vencido.


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