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PT X PT
Direção do partido espera, com a decisão, deslocar discussão dos problemas da legenda para o mérito da reforma
PT adia início do julgamento de radicais
DO PAINEL
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Direção Nacional do PT decidiu ontem adiar a primeira audiência da Comissão de Ética do partido que analisa processo disciplinar movido contra a senadora Heloísa Helena (AL) e contra os deputados federais Luciana Genro (RS) e João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PA).
Inicialmente marcada para este domingo, a reunião foi transferida para os dias 28 e 29 de junho.
Ofício que divulgava o adiamento
foi enviado por e-mail no final da
tarde de ontem aos acusados.
Embora oficialmente o motivo
da troca de datas seja o acúmulo
de provas coletadas e a grande
quantidade de testemunhas -até
36, se todos os envolvidos convocassem o número permitido de
depoentes-, o objetivo real da alteração foi deslocar o foco do debate dos problemas da sigla para o
mérito da reforma previdenciária.
O adiamento resultou de uma
articulação entre o presidente da
Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e o presidente nacional do
PT, José Genoino. Mas a idéia,
discutida ontem pela manhã em
Brasília, foi oficializada à tarde,
em São Paulo, depois de encontros de Genoino e de Sílvio Pereira, autor da representação contra
os três parlamentares, com Danilo Camargo, presidente da Comissão de Ética.
O acordo foi respaldado pela
cúpula do PT, inclusive pelo ministro José Dirceu (Casa Civil).
A avaliação na legenda era a de
que a reunião geraria noticiário
negativo em excesso para a sigla e
para o governo no fim de semana.
Isso porque entre hoje e amanhã o PT promove um amplo seminário sobre a reforma da Previdência na Fundação Perseu Abramo, ligada à legenda.
Além disso, o fato de Luciana
Genro e de João Fontes (SE) já terem sido punidos com o afastamento da bancada foi considerado um aviso para os demais do
que poderia vir a seguir. A expectativa agora é a de que seja possível "baixar a poeira do caso", nos
termos de um dirigente petista.
João Paulo Cunha se comprometeu a convencer os radicais a se
manterem afastados de polêmicas
na mídia. Segundo a Folha apurou, Babá já teria concordado
com um tom mais moderado. Luciana Genro também será abordada por João Paulo.
Também vinha causando constrangimento à legenda o fato de figuras públicas como o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o advogado Dalmo Dallari e o sociólogo
Francisco de Oliveira terem se
comprometido a testemunhar em
defesa dos acusados.
Após as críticas duras de anteontem, ontem, em um claro sinal de distensão, Genoino voltou
a afirmar que o partido está disposto a fazer um acordo.
"Ainda estamos abertos. Não
faltará à executiva paciência para
um acordo, desde que eles assumam o compromisso público de
votar com o partido. A base do
acordo é: podem fazer o que quiserem, mas votam conosco. E não
podem xingar ministro."
Também em tom conciliador,
Heloísa Helena disse ontem que
aceitaria e compreenderia ser suspensa por seu partido por votar
contrariamente à proposta de reforma previdenciária.
"Caso o PT feche questão por
esta reforma, o que não está ainda
garantido, porque tenho ainda esperança de mudar a posição do
partido, o caminho normal e previsível seria a minha suspensão",
afirmou a senadora. "Mas isso só
depois de eu votar, não apenas em
razão de minhas opiniões."
A senadora argumenta que o
seu caso é análogo ao do ex-deputado federal Eduardo Jorge (SP),
que, em 1996, desrespeitou determinação da bancada e votou a favor da criação da CPMF.
Ainda assim, ela reafirmou que
não votará a favor da reforma. A
senadora esteve ontem com
Eduardo Suplicy, que recomendou a ela moderação nas críticas.
Apesar do adiamento da audiência, foi mantido para hoje o
prazo final para a entrega da defesa escrita dos acusados.
A previsão, por enquanto, é que
Sílvio Pereira, os três parlamentares e as testemunhas de acusação
sejam ouvidos no dia 28. As testemunhas de defesa, mais numerosas, deverão depor no dia 29.
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