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Testemunhas ficam surpresas com decisão
DA REPORTAGEM LOCAL
Nenhuma das cinco "testemunhas" anunciadas para falar domingo na Comissão de Ética e
Disciplina do PT em defesa dos
parlamentares radicais havia sido
comunicada, até ontem à noite,
da decisão da Direção Nacional
do partido de adiar a reunião para
os dias 28 e 29 de junho.
Todos consideraram a decisão
bem-vinda. O sociólogo Francisco de Oliveira disse que a decisão
é promissora. No entanto, viu
ambiguidade no adiamento, dado
que a deputada federal Luciana
Genro (RS) já está, de qualquer
forma, suspensa de suas atividades parlamentares.
A deputada foi afastada pela
bancada do PT por ter participado da divulgação de um discurso
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, de 1987, que contradiz as
idéias defendidas por ele hoje.
"Desligado da bancada, o que
um deputado faz? Já é meio caminho andado", disse Oliveira. "Por
outro lado, abre-se a possibilidade de de fato constrangê-los [a direção partidária] a não tomarem
uma atitude que na história política foi sempre conhecida pelo nome de stalinismo."
Para o advogado e ex-deputado
pelo partido Plínio de Arruda
Sampaio, membro da Assembléia
Constituinte de 1988, a decisão
pode servir para "ver se as coisas
se acalmam um pouco". "Dá tempo para discutir com mais calma,
para entrar a turma do deixa disso, da qual faço parte. Porque pessoalmente acho que não há motivo para expulsão. Expressar discordância não é falta grave nem é
falta ética."
Também o sociólogo Emir Sader afirma que o prazo maior pode contribuir para o debate.
"É melhor porque em primeiro
lugar tem que estar a discussão
dos conteúdos. Qualquer atitude,
uma ou outra, tem que ser uma
discussão posterior. O conteúdo
das reformas é que é o fundamental. Essa idéia pode estar pesando
[na decisão]", disse Sader.
O advogado Dalmo Dallari, outra das testemunhas de defesa,
disse que a decisão "pode ser um
sinal de entendimento". "Faço
votos de que seja", disse. Questionado sobre a razão de defender os
parlamentares, respondeu: "O PT
é um capital valioso da vida pública brasileira".
Mesmo o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), colega de Heloísa
Helena (PT-AL), disse desconhecer a decisão. "Ontem mesmo falei com o presidente da comissão." Suplicy disse pretender
"conduzir o restabelecimento do
respeito entre as partes".
(RAFAEL CARIELLO)
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