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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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Testemunhas ficam surpresas com decisão

DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhuma das cinco "testemunhas" anunciadas para falar domingo na Comissão de Ética e Disciplina do PT em defesa dos parlamentares radicais havia sido comunicada, até ontem à noite, da decisão da Direção Nacional do partido de adiar a reunião para os dias 28 e 29 de junho.
Todos consideraram a decisão bem-vinda. O sociólogo Francisco de Oliveira disse que a decisão é promissora. No entanto, viu ambiguidade no adiamento, dado que a deputada federal Luciana Genro (RS) já está, de qualquer forma, suspensa de suas atividades parlamentares.
A deputada foi afastada pela bancada do PT por ter participado da divulgação de um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 1987, que contradiz as idéias defendidas por ele hoje.
"Desligado da bancada, o que um deputado faz? Já é meio caminho andado", disse Oliveira. "Por outro lado, abre-se a possibilidade de de fato constrangê-los [a direção partidária] a não tomarem uma atitude que na história política foi sempre conhecida pelo nome de stalinismo."
Para o advogado e ex-deputado pelo partido Plínio de Arruda Sampaio, membro da Assembléia Constituinte de 1988, a decisão pode servir para "ver se as coisas se acalmam um pouco". "Dá tempo para discutir com mais calma, para entrar a turma do deixa disso, da qual faço parte. Porque pessoalmente acho que não há motivo para expulsão. Expressar discordância não é falta grave nem é falta ética."
Também o sociólogo Emir Sader afirma que o prazo maior pode contribuir para o debate.
"É melhor porque em primeiro lugar tem que estar a discussão dos conteúdos. Qualquer atitude, uma ou outra, tem que ser uma discussão posterior. O conteúdo das reformas é que é o fundamental. Essa idéia pode estar pesando [na decisão]", disse Sader.
O advogado Dalmo Dallari, outra das testemunhas de defesa, disse que a decisão "pode ser um sinal de entendimento". "Faço votos de que seja", disse. Questionado sobre a razão de defender os parlamentares, respondeu: "O PT é um capital valioso da vida pública brasileira".
Mesmo o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), colega de Heloísa Helena (PT-AL), disse desconhecer a decisão. "Ontem mesmo falei com o presidente da comissão." Suplicy disse pretender "conduzir o restabelecimento do respeito entre as partes". (RAFAEL CARIELLO)


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