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ESQUERDA NO DIVÃ
Economista atribuiu quadro a era FHC
Governo Lula tem "pequeno raio de manobra", diz Conceição Tavares
DA SUCURSAL DO RIO
Embora reconheça que a taxas
de juros "estão muito altas" ao
ponto de atrapalharem "daqui a
pouco" a continuidade dos programas sociais do governo, a economista Maria de Conceição Tavares afirmou que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva tem um
"pequeno raio de manobra", que
o impede de mudar a condução
da política monetária.
Tal situação, diz, é fruto do pesado endividamento interno e externo do país e teve sua origem no
governo FHC (1995-2002).
"Eles [do governo FHC] fizeram
o que fizeram e deixaram tudo
amarrado. Sabe o que é amarrado? Isso porque há uma dívida externa desse tamanho e uma dívida
interna desse tamanho que não
permite botar eu ou alguns dos
meus contemporâneos lá [na presidência do Banco Central]. Vai
botar o [senador a Aloizio] Mercadante no Banco Central?", indagou a economista.
Ela participou anteontem de palestra na série Amigos para Sempre - Maria da Conceição Tavares
fala sobre Celso Furtado, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro.
Conceição repetiu várias vezes
que Furtado, seu mestre e amigo
morto em 2004, foi o primeiro
apontar o "pequeno raio de manobra" de Lula. Ela disse que, depois, passou a compartilhar da
mesma visão. Para Conceição,
professora emérita do Instituto de
Economia da UFRJ, petista e amiga do presidente Lula, uma alteração na política monetária não é
uma questão de "vontade política" do governo atual.
(PEDRO SOARES)
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