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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO
Fernanda Somaggio diz que os dois usavam o avião do banco quando "precisavam"
Ex-secretária volta a ligar Delúbio ao Rural e Valério
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A ex-secretária de Marcos Valério Fernandes de Souza na SMPB
Comunicação Fernanda Karina
Ramos Somaggio, 32, disse ontem
que era ela quem fazia as ligações
para a secretária de José Augusto
Dumont, então vice-presidente
do Banco Rural e já morto, sempre que o seu ex-patrão precisava
usar o avião daquela instituição financeira.
Somaggio, que trabalhou na
agência de abril de 2003 a janeiro
de 2004 e é processada por Valério por tentativa de extorsão, disse
ontem em entrevista não se lembrar do nome da secretária com a
qual falava, mas afirmou que era
por meio delas que o contato entre Valério e Dumont era estabelecido. "Na época, eu conversava
com a secretária do doutor Dumont."
Ela afirmou que foram "várias
as vezes" em que Valério usou o
avião do Rural, e disse que Delúbio Soares, o tesoureiro do PT,
também já usou a aeronave junto
com Valério. "O Banco Rural
sempre disponibilizava o avião
para quando eles precisassem."
Era por meio do Banco Rural,
principalmente, de acordo com
Somaggio, que saíam "malas de
dinheiro" para "políticos em Brasília". Ela disse que os acertos para
saques no Rural eram feitos pela
gerência financeira da SMP&B e
também por Valério. Disse que isso não passava por ela. "Várias vezes, quando [Valério] precisava
de dinheiro, falava diretamente
com a diretoria do banco."
Somaggio não fala mais em valores, como fizera na entrevista
para a "IstoÉ Dinheiro", quando
chegou a citar um saque de R$ 1
milhão. "Eu estava muito nervosa, sob pressão muito grande [ao
falar com a revista]. Eu sei que
existia [dinheiro na mala], mas
não sei os valores."
Sobre as idas dos "boys e motoqueiros" ao Banco Rural e Banco
do Brasil para buscar dinheiro, ela
afirmou: "As pessoas do departamento financeiro [da SMP&B] falavam que na mala tinha dinheiro.
Não falavam o valor".
Ela disse que era Valério "quem
levava o dinheiro para Brasília".
"Era para político, porque [Valério] sempre estava conversando
com político", disse, acrescentando que ele sempre ia ao Congresso
e "sempre conversava com senadores e deputados".
Somaggio afirmou também que
Delúbio era o principal interlocutor dele. "Eles conversavam sempre, quase todos os dias da semana." Sobre contatos com o então
ministro José Dirceu (Casa Civil),
ela disse: "A secretária do Delúbio
ligava e pedia para avisar ao Marcos para ligar para o Delúbio que
ele tem recado do José Dirceu".
Depois, citou conversas via celular entre Dirceu e Valério.
"Conversavam sempre em Brasília, nunca os vi juntos. O ministro
ligava para o celular do Marcos",
disse. Ela falou em contatos com
Sílvio Pereira, secretário-geral do
PT, e com o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT).
Somaggio afirma que a SMP&B
já sabia que venceria a licitação
para fazer a publicidade dos Correios, e que, "no final de 2003 foi
feita uma festa" na agência para
comemorar a vitória antes de o
resultado ser divulgado.
Anteontem, ela voltou à Polícia
Federal para novo depoimento.
Na semana passada, ela negou na
PF tudo isso, pois alegou ter sido
ameaçada por um "motoqueiro".
Após contratar um novo advogado, o criminalista Rui Pimenta,
decidiu confirmar.
Sobre a suposta "extorsão", ela
negou a denúncia. Seu advogado
tenta agora o "trancamento da
ação", pois alega que a denúncia
ocorreu por "suposições". Sommagio pediu proteção à PF.
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