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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O ALIADO
Presidente do partido diz que o custo foi de uns "R$ 300 mil, R$ 400 mil", e incluiu desde a esteira ergométrica ao chinelo
PL bancou mobília da casa de Valdemar
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Da esteira ergométrica ao armário de R$ 4.000, o Partido Liberal
bancou a montagem da casa de
seu presidente, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), em
Brasília. Segundo admite o próprio Valdemar, o custo foi de uns
"R$ 300 mil, R$ 400 mil", e incluiu
peças de porcelana, faqueiro, roupão, cabide e até chinelo.
"Não só a esteira ergométrica. A
bicicleta estática também. Tudo
com dinheiro da conta de doações
ao partido", confirmou Valdemar, questionado sobre gastos de
R$ 9.200,00 com a esteira.
Segundo Valdemar, o uso das
doações dos parlamentares e do
vice-presidente, José Alencar, na
decoração de sua casa é legal,
"não envolve recursos públicos" e
"foi declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)". O gasto
-que contempla o aluguel do
imóvel- se justifica, segundo ele,
pelas atividades que desempenha.
"Recebo cem pessoas para almoçar em casa", alega o deputado.
Ao falar das despesas com a casa, ele só reconhece uma falha: o
de gravar suas iniciais nos cabides. "Aí, está errado. Mas não fui
eu. Foi ela que mandou gravar",
argumentou o presidente do PL.
Valdemar se refere à ex-mulher
Maria Christina Mendes Caldeira,
com que protagoniza um ruidoso
processo de separação. Segundo
ela costuma contar, foram gastos
R$ 3.000 em cabides. Foi Maria
Christina quem decorou a casa.
Leilão
Em novembro de 2003, gastou
mais de R$ 19 mil em compras na
Casa Amarela, especializada em
leilões. Lá, arrematou, por exemplo, um par de postiches (vasos de
porcelana) a R$ 300,00 para que
servissem de base para abajur.
Três telas somaram R$ 1.800,00.
Maria Christina também comprou uma mesa de jantar no estilo
inglês. Como a casa funciona como um leilão informal (os interessados fazem propostas para peças
em exposição permanente), Maria Christna avisou à leloeira Silvia de Souza que ela seria procurada para o pagamento das despesas. "Recebi um telefonema do
partido, pedindo que as notas fossem emitidas em nome do PL",
lembra Silvia, acrescentando que
o pagamento foi feito em três vezes sem juros. "Ela [Maria Christina] disse que o marido fazia muitas recepções", conta a leiloeira.
Um caminhão alugado pelo
partido levou às peças dos Jardins
à capital federal. O próprio Valdemar usou as notas fiscais para sustentar uma queixa-crime contra
Maria Christina, a quem acusa de
ter levado "70% dos móveis da casa", na separação. Para justificar o
pedido de busca e apreensão, Valdemar apresentou as notas fiscais
em nome do partido acompanhadas de fotografias.
No auge da crise, Maria Christina reagiu, alegando que Valdemar usou fotos de peças que eram
suas antes do casamento -como
de pratarias- para comprovar
notas apresentadas ao Tribunal
Superior Eleitoral.
Nesse caso, ele teria usado as
notas para justificar gastos inexistentes.Valdemar chama a ex de
mentirosa. "Tudo mentira. As
poucas coisas que eram dela ela
levou. E mais o patrimônio do
partido. Por isso, entrei com pedido de busca e apreensão", diz ele,
referindo-se à origem do processo
em curso. Procurada pela Folha,
Maria Christina -acusada por
Valdemar Costa Neto de tentativa
de extorsão de R$ 900 mil- não
quis se manifestar, limitando-se a
dizer "que cumpriu seu papel de
cidadã" e que só se manifestou
para não acharem que ela compactuou com "isso tudo que está
acontecendo".
Valdemar, por sua vez, frisou
que o dinheiro não saiu do fundo
partidário, mas da contribuição
dos parlamentares. Cada um destina 10% do salário ao partido.
São R$ 60 mil por mês. "Nunca errei com verba pública. Se eu errar,
tenho que renunciar."
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