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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Alckmin vira "Geraldo" e evita atacar Lula na TV
Eleitorado nordestino foi o alvo principal do programa do PSDB, exibido ontem à noite
Candidato foi apresentado em rede nacional como alguém "de família pobre" que ascendeu socialmente graças a estudo e trabalho
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin, deixou
de lado ontem à noite os ataques diretos da oposição ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para se apresentar em rede nacional de televisão como
um homem "realizador", "honesto" e "de família pobre".
Nos 20 minutos do programa
partidário do PSDB nacional na
televisão -entre as 20h30 e as
20h50-, o tucano falou pouco
e quase não citou o nome de
Lula. Em vez disso, sua equipe
de comunicação preferiu enfatizar a biografia do candidato,
pontuada por comparações subliminares entre ele e o petista.
Logo no início, um texto sobre a infância de Alckmin em
Pindamonhangaba, interior do
Estado de São Paulo, ressalta
que ele "perdeu a mãe" ainda
criança e teve de contar com
uma pajem, além da ajuda dos
familiares, para poder concluir
seus estudos.
Filho de um engenheiro
agrônomo contratado pelo Estado, Alckmin perdeu a mãe aos
dez anos. Mas, segundo seu biógrafo Acir Filló, ele teve uma
"infância sem percalços". "Se
os pais não eram abastados,
ofereciam-lhe o conforto e o
auxílio necessários", diz trecho
do livro "Geraldo Alckmin, o
Menino, o Homem, o Político".
Formação escolar
O programa do PSDB, no entanto, ressalta as dificuldades
de sua trajetória para enfatizar
que ele conseguiu concluir o
terceiro grau e se formar médico, em contraposição ao presidente Lula, que tem apenas o
ensino fundamental completo.
A formação do tucano é utilizada na tentativa de vinculá-lo
à área social, ponto em que Lula, segundo apontou pesquisa
do Datafolha, tem larga aprovação do eleitorado, auxiliado por
programas de transferência de
renda como o Bolsa-Família.
Para marcar esse ponto do
programa, uma mãe de Pindamonhangaba dá depoimento
afirmando que o então médico
anestesista bancou seu trabalho para salvá-la da morte.
Nordestinos que vivem em
São Paulo também aparecem
no programa de TV elogiando o
candidato -uma tentativa de
aproximar o tucano do eleitorado do Nordeste, onde Lula
tem seus melhores índices de
intenção de voto.
Outro ponto destacado pelo
PSDB na televisão é o suposto
apego de Alckmin ao trabalho
quando esteve à frente do governo paulista (2001-2006).
Na semana passada, o vice do
tucano, o senador José Jorge
(PFL), afirmou que Lula bebe
muito e não gosta de trabalhar.
Também em contraponto ao
presidente petista, a carreira
política do presidenciável do
PSDB ocupa boa parte do programa -vereador, prefeito de
Pindamonhangaba, deputado
estadual, deputado federal, vice-governador e governador.
Nesse quesito, Lula, antes de
chegar ao Planalto, ocupou
apenas uma vaga na Câmara
dos Deputados (1987-1991).
Propostas
Imagens do longo discurso
de Geraldo Alckmin na convenção nacional do PSDB que homologou no último dia 11, em
Belo Horizonte, sua candidatura a presidente também ganharam destaques, sintetizadas pela frase: "Igualdade, justiça e
crescimento".
Apesar de criticado internamente no partido pela forma
como foi apresentado no evento, já que o tucano leu o texto de
19 páginas durante uma hora, o
discurso mostra suas propostas
para áreas como saúde, educação e segurança, nervo exposto
de sua gestão em São Paulo, especialmente após a recente onda de violência promovida pela
facção criminosa PCC.
Segundo o candidato do
PSDB, seus enfoques, se eleito,
serão no ensino técnico e fundamental, na universalização
do atendimento médico e no
combate ao crime organizado.
As poucas críticas diretas ao
presidente foram na economia:
"O Brasil de Lula superou apenas o Haiti em matéria de crescimento", afirmou Alckmin,
em trecho do discurso.
Os principais cardeais do
PSDB apareceram rapidamente na tela. Fernando Henrique
Cardoso, o governador Aécio
Neves (Minas) e o ex-prefeito
José Serra surgiram apenas nas
cenas da convenção.
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