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Renan nega crise institucional no Senado e paralisia
Investigado pelo Conselho de Ética, presidente da Casa diz não ter mais o que explicar e que já apresentou todas as provas
Peemedebista cita como exemplo da normalidade no Senado a votação de duas
medidas provisórias ao longo da última semana
Leonardo Wen/Folha Imagem
![](../images/n2306200701.jpg) |
Renan Calheiros (PMDB-AL), que ontem presidia sessão esvaziada no plenário do Senado |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
disse ontem que não haverá
"paralisia" na Casa enquanto o
Conselho de Ética analisa o
processo contra ele. "Não vou
permitir que o Senado entre
em uma crise institucional.
Quem pensa assim está profundamente enganado."
"Estou tranqüilo, apenas
cumprindo o meu papel. Não
há mais o que explicar. Já apresentei todas as provas", disse
Renan, que repetiu o discurso
em todas as entrevistas que deu
nesta semana.
O Conselho de Ética apura a
denúncia de que o dinheiro
usado pelo senador para pagar
pensão a Mônica Veloso, com
quem tem uma filha, pode ter
vindo de uma empreiteira. Ele
alega que obteve o recurso a
partir da venda de gado, mas a
documentação apresentada
por Renan, analisada pela Polícia Federal a pedido do conselho, apresenta incongruências.
Para Renan Calheiros, o Senado funciona em ritmo normal. "Votamos duas medidas
provisórias nesta semana, estamos recebendo chefes de Estado. Comissões funcionam normalmente e semana que vem
votaremos mais MPs."
Anteontem, Renan disse que
não deixará a presidência do
Senado e classificou de "esquizofrênico" o processo que sofre
na Comissão de Ética por quebra de decoro parlamentar.
"Ontem [quarta-feira] eu disse que essa coisa de renúncia
não fazia parte do meu dicionário. É mais do que uma questão
gramatical. É uma questão de
personalidade. Eu não permitirei que levem o Senado a uma
crise institucional. Por isso,
não arredarei o pé", disse.
Durante as últimas semanas,
os senadores Pedro Simon
(PMDB-RS), Eduardo Suplicy
(PT-SP) e Jefferson Peres
(PDT-AM) sugeriram diretamente a Renan que se afastasse
do cargo para dar mais liberdade às investigações.
Na última quarta-feira, Simon chegou a pedir que Renan
renunciasse ao cargo de presidente da Casa, para "honrar sua
história política".
As denúncias contra Renan
começaram no final de maio,
quando a revista "Veja" publicou uma reportagem afirmando que o lobista da empreiteira
Mendes Júnior Cláudio Gontijo pagava mensalmente cerca
de R$ 16.500 em espécie a Mônica Veloso.
Renan negou as informações
e alegou que o dinheiro pago à
jornalista era proveniente de
"rendimentos agropecuários",
e que Gontijo, com quem teria
uma amizade de mais de 20
anos, era apenas ao intermediador.
(FELIPE SELIGMAN)
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