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CPI vai à PF para rastrear sanguessugas
Objetivo é descobrir como a máfia pagou os parlamentares que se envolveram na compra de ambulâncias superfaturadas
Integrantes da comissão estão divididos quanto à divulgação do nome de todos os congressistas acusados de fraudes
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Sanguessugas recorrerá à Polícia Federal para
tentar rastrear os pagamentos
feitos pela máfia das ambulâncias aos congressistas envolvidos com o esquema de venda de
veículos superfaturados a prefeituras. A comissão pedirá ajuda à PF também para identificar os nomes dos donos dos veículos que teriam sido dados pela quadrilha aos parlamentares.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI,
disse que a reunião com a força-tarefa da PF encarregada do caso está marcada para amanhã.
Segundo o vice-presidente da
CPI, deputado Raul Jungmann
(PPS-PE), cinco veículos, incluindo uma BMW e um ônibus, foram dados a congressistas que participaram do esquema, de acordo com o depoimento à Justiça de Luiz Antonio Vedoin, apontado pela PF
como chefe da quadrilha.
Jungmann contou que Luiz
Antonio relacionou 40 parlamentares que teriam recebido
pagamento de propina em dinheiro vivo, o que dificulta a
comprovação de que foram beneficiados pelo esquema. Gabeira espera que a PF os ajude a
"fechar o cerco" para identificar quem embolsou dinheiro.
CPI dividida
Integrantes da CPI com funções executivas e de relatoria
divergem sobre a divulgação de
todos os nomes dos parlamentares que estão sob investigação. Jungmann defende a divulgação de todos os nomes. Na
semana passada, ele afirmou
ter contado 94 como beneficiários do esquema.
Ele tem o apoio de Gabeira e
da senadora Heloísa Helena
(PSOL-AL). "Não é justo que se
divulgue os nomes de uns e sejam mantidos em sigilo os de
outros", disse Gabeira.
No entanto, o presidente da
CPI, deputado Antonio Carlos
Biscaia (PT-RJ), é contrário à
idéia. "Isso não contribui para o
bom andamento dos trabalhos", disse. O deputado Julio
Delgado (PSB-MG), que também é sub-relator, concorda
com Biscaia: "Não podemos
universalizar a suspeita. Ainda
precisamos analisar os documentos e diferenciar os casos".
Responsável por separar em
arquivos individuais as provas
contra os parlamentares, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) trabalha com 99 nomes. Ele
também demonstra cautela.
"Após a conclusão do trabalho
de investigação e evidenciados
os nomes realmente envolvidos com a quadrilha. É preciso
diferenciar o parlamentar do
marginal travestido de deputado", disse Sampaio.
Segundo ele, a CPI pretende
concluir nos próximos dias
também a análise do depoimento de Luiz Antonio. Ainda
de acordo com Sampaio, o relatório parcial da CPI, previsto
para ser apresentado até o dia
18 do mês que vem, deverá ser
dividido em três partes.
Além de 57 já identificados
oficialmente como pertencentes à quadrilha, há outros 42
que foram relacionados de alguma forma: em depoimentos
ou degravações de conversas
telefônicas entre membros da
quadrilha, nas investigações do
Ministério Público ou no trabalho da Controladoria Geral da
União. O depoimento de Luiz
Antonio, no qual citou 99 congressistas, tem servido de base
para os trabalhos da CPI.
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