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QUESTÃO INDÍGENA
Corubos são chamados de 'caceteiros' e considerados agressivos
Índios matam funcionário
da Funai a pauladas no AM
ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Belém
O funcionário da Funai Raimundo Batista Magalhães, 42, foi morto na manhã de ontem a pauladas
pelos índios corubos dentro da reserva indígena em Atalaia do Norte, no oeste do Amazonas, próximo à fronteira com o Peru.
O primeiro contato da Funai
(Fundação Nacional do Índio)
com os corubos, grupo isolado
muito agressivo, foi feito no ano
passado. Esses índios não usam arco e flecha. Por atacar com uma espécie de porrete, são conhecidos
por índios "caceteiros".
No ano passado, a Funai manteve alguns contatos com os corubos, sem incidentes, mas teve relatos da morte de madeireiros em
confronto com os índios.
Magalhães era auxiliar de sertanista no posto avançado da Funai
de Tabatinga (1.100 km a oeste de
Manaus) e, segundo funcionários
do posto, participava de uma equipe que levava objetos, miçangas e
frutas para os índios.
O chefe da Divisão de Apoio em
Tabatinga, Valdez Marinho Lima,
disse que três funcionários chegaram de barco à aldeia pela manhã.
"Há dez pessoas que trabalham
com os índios isolados (que têm
pouco ou nenhum contato com o
homem branco). Não temos detalhes, mas estamos investigando."
Ataque
Segundo Lima, os índios atacaram quando os funcionários desciam do barco, que havia acabado
de chegar à aldeia. Magalhães foi o
primeiro a descer e não conseguiu
escapar dos golpes de porrete.
Os outros funcionários fugiram
e conseguiram sair com o barco. O
nome deles não foi divulgado. O
chefe da divisão disse que a Funai
desconhece os motivos do ataque.
O corpo de Magalhães, resgatado
pela Funai, foi levado para Tabatinga. O posto avançado da cidade
é responsável pelo contato com os
índios isolados na região. A aldeia
dos corubos fica a 140 km da cidade. O acesso é por barco, e a viagem dura cerca de quatro horas.
Segundo a Funai, também na
Amazônia, existem ianomâmis
que usam instrumentos de pedra,
como machados.
Os grupos isolados costumam
resistir à aproximação e se defendem com violência. O contato com
esses grupos segue o modelo clássico da troca de presentes. A retribuição da oferta é sinal de que o
contato é desejado. Era isso que os
funcionários faziam ontem.
O contato é considerado estabelecido depois que os sertanistas
são convidados a conhecer o local
onde moram os índios. Segundo
sertanistas, o primeiro contato é
tenso e podem ocorrer ataques.
O presidente da Funai, Sulivan
Silvestre, que assumiu o cargo anteontem, afirmou que foi pego de
surpresa pela notícia. Ele disse que
Sidney Possuelo, responsável pela
Coordenadoria de Índios Isolados,
viajou para Atalaia do Norte para
investigar o crime.
Um avião da Funai foi deslocado
para a cidade para fazer o traslado
do corpo. A família de Magalhães
já foi avisada pela Funai.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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