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FHC abortou comissão ao assumir
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Assim que assumiu a Presidência da República, o presidente
Fernando Henrique Cardoso extinguiu a CEI (Comissão Especial
de Investigação) criada por Itamar Franco para apurar denúncias de irregularidades no governo federal.
A comissão foi extinta deixando
sem conclusão pelo menos 15 inquéritos.
"Eu fico indignado com esse governo. Lança um código de ética
depois de seis anos de mandato e
depois de ter extinguido a CEI,
formada para combater a corrupção no governo federal", afirmou
Itamar Franco, atualmente no
cargo de governador do Estado de
Minas Gerais.
O governador disse que tentou
obter informações ontem em Brasília sobre os trabalhos da comissão. "O funcionário que me atendeu disse que os dados eram sigilosos", afirmou.
A CEI era formada por sete pessoas de diversos segmentos sociais, juristas, empresários e ex-ministros de tribunais superiores.
Na época, Itamar deu carta branca ao grupo para investigar qualquer área do governo.
Durante sua existência, a CEI
recebeu mais de duas mil denúncias.
A comissão apurou, por exemplo, que o DNER (Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem) pagava 40% a mais por
obras de recuperação e construção de estradas. A CEI sugeriu a
revisão da tabela de preços do
DNER além da revisão de 657
contratos.
Itamar, então ainda no cargo de
presidente da República, entregou o relatório das irregularidades no DNER ao então procurador-geral da República, Aristides
Junqueira, e em seguida ao presidente eleito, Fernando Henrique
Cardoso.
A comissão levantou outras irregularidades. No Ministério da
Educação, ficou inconcluso um
levantamento sobre superfaturamento em Caics (Centros de
Apoio Integral à Criança).
Já no Ministério da Saúde, ficou
por ser concluída a investigação
de irregularidades na liberação de
medicamentos.
Orçamento
A CEI, criada em fevereiro de 94,
tinha o objetivo de fiscalizar, prevenir e combater a corrupção no
Poder Executivo.
A comissão nasceu após a CPI
do Orçamento. O interesse imediato do governo era investigar as
ligações entre a máquina administrativa do Executivo e o Congresso.
O grupo era coordenado pelo
ministro da Administração Federal, Romildo Canhin. Além de investigar, a CEI também propunha
medidas ao presidente da República, que poderia acolhê-las ou
rejeitá-las.
"Se o presidente estava tão
preocupado com a corrupção no
governo, porque extinguiu a Comissão Especial de Investigação?", questionou o governador
Itamar Franco. "Esse código de
ética lançado anteontem é um código de imoralidade", afirmou
Itamar.
(DANIELA NAHASS)
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