São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Defesa do Banco Rural contraria a versão do publicitário mineiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A defesa apresentada pelo Banco Rural no STF contraria o pilar da versão apresentada pelo publicitário Marcos Valério de Souza para a origem dos cerca de R$ 55 milhões transferidos a políticos aliados do PT.
Marcos Valério sustenta que o dinheiro saiu de seis empréstimos bancários tomados dos bancos Rural e BMG entre fevereiro de 2003 e julho de 2004. O Rural teria emprestado o maior volume de recursos usado na operação (R$ 29 milhões dos R$ 55,2 milhões).
Essa versão foi contestada tanto pelo relatório final da CPI como pela denúncia do procurador-geral Antonio Fernando de Souza. De acordo com a denúncia, os empréstimos foram simulados para ocultar a verdadeira origem dos recursos.
Para rebater a acusação, os advogados do Rural, comandados pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, alegaram que o dinheiro sacado das agências por pessoas indicadas por Valério veio de outros bancos: "Os recursos que ingressaram na conta da SMPB no Banco Rural eram invariavelmente oriundos de outras instituições financeiras, como o Banco Itaú, Bradesco, mas, principalmente, Banco do Brasil, banco estatal com mecanismos de controles internos presumivelmente íntegros e eficazes. Se há presunção de que tais recursos têm origem ilícita, a denúncia deveria tecer mais detalhes".
Os recursos sacados teriam origem em depósitos feitos por empresas e órgãos públicos de Minas. Sobre os empréstimos, a defesa do Rural admite a existência de eventuais falhas nas operações, mas atribuiu os eventuais erros a um morto, José Augusto Dumont, que presidia o banco em 2003.
Questionado sobre a contradição, José Carlos Dias mostrou-se surpreso: "Os recursos vinham de movimentação financeira proveniente de contratos de publicidade. Era dinheiro quente. A SMPB era a maior cliente do banco", disse.
O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, disse não ver conflito: "Indiscutivelmente a origem dos recursos foram os empréstimos. O dinheiro da SMPB não vinha de uma única conta bancária". (MARTA SALOMON e RANIER BRAGON)


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