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Nova ferramenta revela efeito do corte ilegal de madeira
Detex, que aponta o estado de degradação das florestas em pé na Amazônia, complementará os sistemas Prodes e Deter
Pesquisador do Inpe, Dalton Valeriano, afirma que deve ser divulgado no fim do ano diagnóstico completo da degradação de área pública
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova ferramenta do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para verificar
a degradação das florestas remanescentes na Amazônia
causada por corte seletivo de
madeira aponta a derrubada
ilegal de árvores nessas áreas.
O novo instrumento vai complementar os dois sistemas governamentais de monitoramento -o Prodes, que mede a
área desmatada, e o Deter, que
vê desmate em tempo real.
Até agora, o trabalho foi feito
em duas áreas-piloto -uma na
região da BR-163 e outra, na da
BR-319. Os primeiros diagnósticos já trouxeram "surpresas
desagradáveis", segundo Gilberto Câmara, diretor do Inpe.
De acordo com Tasso Azevedo, diretor-geral do SFB (Serviço Florestal Brasileiro), já se
imaginava que havia exploração ilegal de madeira nas florestas públicas.
Porém, o que mais chamou a
atenção até agora com o uso
desse novo sistema, chamado
de Detex (Detecção de Exploração Seletiva), foi a situação da
Floresta Nacional de Altamira.
"Há indícios de exploração
ilegal em cerca de 10% da área,
o que não era visto pelo Deter",
afirma. Além das áreas que sofreram exploração florestal, o
Detex verifica também áreas
que sofreram queimadas.
"Quando o corte seletivo é
bastante intenso, essas áreas ficam mais sensíveis ao fogo", diz
Dalton Valeriano, pesquisador
do Inpe. De acordo com ele, no
final do ano deve ser divulgado
o diagnóstico completo da degradação por corte seletivo nas
florestas públicas.
Segundo Valeriano, o novo
monitoramento começou por
uma demanda do SFB. Mas o
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) também
se interessou pelo trabalho, que
deverá ser estendido para as
áreas particulares da Amazônia. O Inpe já adianta que não
será possível concluir o estudo
"extra" junto com o diagnóstico
das florestas públicas.
Para Valeriano, podem ser
feitos convênios com instituições estaduais que queiram receber os dados, "para que os órgãos que autorizam o corte seletivo saibam se está ocorrendo
corte legal ou ilegal".
O Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia) apóia a iniciativa.
Foi feita uma troca de experiências no início do projeto, já
que a ONG também faz esse tipo de monitoramento.
Segundo o pesquisador Carlos Souza Jr., o sistema permite
monitorar o corte em escala
mais detalhada. "É possível verificar se os planos de manejo,
principalmente nas áreas de
concessão, estão sendo obedecidos; se há exploração não autorizada, por exemplo. É uma
ferramenta de controle que o
governo tem que ter", afirmou.
Corte raso
Outro projeto em início no
Inpe, em conjunto com a Embrapa, vai verificar o estado das
áreas já desmatadas e identificadas como corte raso pelos sistemas de monitoramento desde 1998. A intenção é descobrir
o que aconteceu com esses
pontos. "Em vez de falar apenas
que está desmatado, vamos
mostrar o que existe hoje na
área", diz Valeriano.
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