São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997.



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RAINHA
Sem-terra não é sem-juízo, diz líder

da Reportagem Local

O dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr. afirmou ontem que os sem-terra não são "sem-juízo". Segundo ele, o grupo nunca pensou em incendiar bancos.
"Foi só um jeito de falar do companheiro. Ele tem conta no banco, não ia colocar fogo lá, né?", disse Rainha.
O abrandamento do discurso do MST aconteceu um dia depois que Rainha ouviu a promessa do ministro da Política Fundiária, Raul Jungmann, de que iria intervir junto ao Banco do Brasil para agilizar a liberação de R$ 1 milhão para assentados.
"Um burocrata incompetente do terceiro escalão do BB estava barrando a liberação", disse Rainha. E completou: "O dia em que tiver a reforma administrativa, um cara desse tem que ir para a rua sem receber nada".
O líder dos sem-terra contestou a acusação da UDR (União Democrática Ruralista) de que o governo federal cede às pressões do MST. "Isso é absurdo. Lutamos por nossos direitos e recebemos apenas o que é nosso por direito", disse.
Para ele, a UDR é "um bando de gigolôs de vaca magra. Estão todos quebrados".
Rainha esteve em São Paulo ontem para discutir com seu advogado, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), o pedido de transferência de seu julgamento de Pedro Canário para Vitória (ES). O pedido será julgado na próxima quarta-feira.
Rainha acredita que, ser for julgado em Pedro Canário novamente, será condenado. "Os 21 jurados pré-selecionados são ligados a famílias de fazendeiros da região", disse.
O julgamento do líder do MST está marcado para o dia 16 de setembro. (LUIS HENRIQUE AMARAL)



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