São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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DOMINGUEIRA
O circo chegou

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo


Armada a lona, o circo eleitoral começa seu costumeiro espetáculo. Palhaços, freaks, cobras e lagartos surgem na TV atestando implacavelmente o subdesenvolvimento político do país. É observar aquele patético rol de candidatos para ter certeza de que estamos e continuaremos em péssimas mãos.
Entre todos, ressalta o insuperável Paulo Maluf, cuja campanha baseia-se descaradamente no velho lema "rouba, mas faz", apresentado sob a forma do roto eufemismo "não é santo, mas faz".
É o que os eleitores devem realmente pensar, já que a campanha é uma gigantesca farsa montada segundo os preceitos do "marketing político".
As agências encarregadas da mistificação reúnem grupos de pessoas, representativos dos diversos setores sociais, e os submete a uma maratona de perguntas e testes -procedimento, como se sabe, chamado de "pesquisa qualitativa", "quali" para os íntimos.
A partir do diagnóstico das "qualis", monta-se a opereta enganosa que deverá atingir o eleitor idiotizado, que não se dá conta do processo de que está sendo vítima.
O discurso de Paulo Maluf justificando suas relações com o lambão Celso Pitta é uma dessas peças que deveriam ser arquivadas no museu dos horrores da política videota. Nem Clinton conseguiu ser tão calhorda ao admitir a relação "imprópria" com a estagiária da Casa Branca -a essa altura casa "luce rossa", como diriam os italianos.
No bordel do horário eleitoral gratuito nada escapa da lógica publicitária, que cada vez mais permeia a sociedade, atingindo a própria administração da individualidade, a existência guiada pela técnica de promoção de hambúrgueres.
No meio de tanta barbaridade, tivemos, de quebra, o retorno do morto-vivo Fernando Collor de Mello, o homem que foi uma espécie de banda de música da reforma neoliberal (com gatos na tuba) levada adiante, posteriormente, por Fernando Henrique Cardoso.
Minha gente, brasileiros e brasileiras, companheiros, meu povo, haja paciência.



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