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FOLHA ELEIÇÕES 2000
SÃO PAULO
Cerca de 43% da verba prevista por 11 secretarias nos oito primeiros meses do ano se concentra em julho e agosto, início da campanha eleitoral; para governo, houve coincidência
Covas investe mais em período eleitoral
RALPH MACHADO
EDITOR-ASSISTENTE DE BRASIL
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Mário Covas (PSDB)
elevou em 69% a verba prevista
para investimentos de 11 das 24
secretarias de Estado entre janeiro
e agosto deste ano em relação ao
mesmo período do ano passado.
Foram destinados cerca de R$
254,5 milhões neste ano. Em 1999,
o montante foi equivalente a R$
150,1 milhões (valor de agosto último, atualizado pelo Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe).
Cerca de 43% da verba acumulada nos oito primeiros meses do
ano estava prevista para ser gasta
em julho e em agosto, coincidindo com o início da campanha eleitoral, que começou oficialmente
em 6 de julho. Em 1999, os meses
de julho e agosto concentraram
apenas 27% do investimento nos
oito primeiros meses do ano.
A Secretaria da Segurança Pública liderou os investimentos em
julho, com uma previsão de gasto
atualizada de R$ 23,2 milhões -o
equivalente a 35% do montante
destinado às 11 secretarias naquele mês. Em agosto, os investimentos previstos da Secretaria da Segurança subiram para R$ 23,8 milhões, o equivalente a 54% do total
destinado às 11 pastas no mês.
No acumulado de janeiro a
agosto, os recursos destinados à
segurança equivalem a 22% do total previsto no período para as 11
secretarias analisadas. No mesmo
período do ano passado, os investimentos da Secretaria da Segurança representavam apenas 1%
do total acumulado.
Essas conclusões resultaram da
análise de dados obtidos no Siafem (sistema informatizado que
permite o acompanhamento da
execução orçamentária de Estados e municípios) pela liderança
do PT na Assembléia Legislativa.
Coincidência
A Folha procurou a assessoria
do Palácio dos Bandeirantes e foi
informada de que as próprias secretarias é que prestariam esclarecimentos.
O secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi,
afirmou, por exemplo, que a previsão dos investimentos -em
novos carros de polícia e em coletes à prova de balas, armas e munição- e o início da campanha
eleitoral se deu "por acaso".
No último dia 15, a Folha acompanhou reunião na qual o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rui César Melo, defendeu o
apoio de PMs a Alckmin. "Devo
confessar a vocês que, pessoalmente, vejo esta candidatura como a ideal", disse. Cerca de cem
PMs, entre praças e oficiais, assistiram ao discurso do coronel.
"Ao concentrar investimentos
no período pré-eleitoral, Covas
montou uma verdadeira operação para melhorar sua imagem e
eleger prefeitos tucanos no Estado, em especial Geraldo Alckmin
na capital", diz o deputado estadual Jilmar Tatto (PT), que apóia
a candidatura de Marta Suplicy
(PT) à Prefeitura de São Paulo.
Alckmin (PSDB), vice-governador licenciado, vem disputando a
segunda colocação na corrida
eleitoral paulistana com Paulo
Maluf (PPB), Luiza Erundina
(PSB) e Romeu Tuma (PFL).
O tema segurança é um dos
principais motes das campanhas
de Maluf e Tuma. O tucano perdeu pontos nas intenções de voto
depois que seus rivais passaram a
associá-lo ao governo Covas.
Anteontem, a dez dias da eleição municipal, o secretário Petrelluzzi anunciou a criação de um
serviço de informações que permitirá o mapeamento dos crimes
na cidade de São Paulo.
Até o fim de 2001, segundo o secretário, o Infocrim, como foi batizado o programa, estará funcionando em todas as delegacias, as
companhias e os batalhões policiais do Estado. O projeto está orçado em R$ 100 mil.
Detalhamento
Os dados das 11 secretarias analisadas indicam que, em 1999, a
maior parte delas concentrou
seus investimentos no mês de dezembro. Somados, os dispêndios
feitos no último mês do ano representaram 51% dos R$ 546,5
milhões investidos em 1999.
De janeiro a agosto de 2000, os
investimentos previstos equivalem a 47% do total de 1999. No caso da Secretaria da Segurança, o
montante representa uma parcela
maior: 64% do total de 1999.
A análise da média mensal de
investimentos da secretaria indica
que há uma estabilidade nos dispêndios com segurança. No ano
passado, a secretaria gastou em
média R$ 7,3 milhões por mês.
Neste ano, a média está até agora
em R$ 7,1 milhões por mês.
Mas, quando se compara a média mensal apenas no período de
janeiro a agosto, há um salto de
3.175% na previsão de investimentos em segurança. Em 1999, a
média mensal de gasto nesse período foi de R$ 215 mil, contra os
atuais R$ 7,1 milhões.
Das 11 secretarias avaliadas,
duas realizaram praticamente a
metade da previsão de investimentos de janeiro a agosto.
Os investimentos da Secretaria
da Saúde representam 27% do total no período. Os da Secretaria de
Recursos Hídricos, Saneamento e
Obras, 25% do total. Em 1999, essas pastas realizaram, respectivamente, 22% e 32% do investimento total das 11 secretarias.
A Secretaria de Assistência e
Desenvolvimento Social, por sua
vez, aumentou em 79% o seu investimento médio mensal. Em
1999, os investimentos atingiam a
média de R$ 1,3 milhão por mês.
Em 2000, a média de investimento mensal foi de R$ 2,3 milhões.
Três secretarias ainda não investiram nada neste ano: a da Habitação, a do Emprego e Relações
do Trabalho e a dos Transportes
Metropolitanos. Em 1999, essas
secretarias realizaram a totalidade
dos investimentos em dezembro.
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