São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2000

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PT mantém comício que coincide com jogo do Corinthians


DA REPORTAGEM LOCAL

O PT confirmou ontem que pretende realizar o showmício de encerramento da campanha de Marta Suplicy amanhã no Pacaembu, no mesmo horário em que ocorre um jogo do Corinthians pela Copa João Havelange.
A partida no Pacaembu, contra a Ponte Preta, está prevista para as 17h. O ato petista deverá ocorrer das 13h até, pelo menos, as 19h na praça Charles Miller, em frente à entrada principal do estádio.
O secretário de Governo da prefeitura, Arnaldo Faria de Sá, ingressou ontem com representação na Justiça Eleitoral pedindo a suspensão do ato pró-Marta. Faria de Sá alega que o "encontro" das duas multidões -a do comício e a do jogo- pode causar uma situação de risco.
A realização da partida no Pacaembu foi decidida apenas na última quarta-feira, em reunião da qual participaram representantes da Secretaria Municipal de Esportes e do Corinthians.
O PT afirma que o comício está marcado desde o dia 23 de julho. O coordenador da campanha de Marta, Rui Falcão, exibiu ontem à imprensa dois ofícios com esta data, enviados à Companhia de Engenharia de Tráfego (órgão da prefeitura) e à Delegacia Geral de Polícia (do governo estadual).
"Agimos de forma correta e vamos manter o ato", disse Falcão.
O secretário municipal de Esportes, Fausto Camunha, disse que autorizou a realização do jogo no Pacaembu porque "não sabia do comício". "Se soubesse, poderia vetar o Pacaembu para o jogo", afirmou o secretário.
A Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que a polícia estará no local para garantir a segurança dos dois eventos.
Camunha afirmou que, havendo policiamento, o jogo será mantido no Pacaembu. "Não há porque mudar agora." A assessoria do Corinthians também afirma que não tem nenhuma intenção de mudar o local da partida.
Até aqui, o time vinha mandando seus jogos na Copa João Havelange em outros estádios, em razão de falta de acordo para a veiculação de publicidade em placas ao redor do campo do Pacembu.
A versão oficial dá conta de que a realização da partida no estádio só foi possível porque houve acordo quanto à questão das placas. A assessoria do Corinthians afirma que o Pacaembu é a "opção natural" do clube, por ter "grande afinidade" com sua torcida.
O PT prefere não fazer previsões do número de espectadores. Para o jogo, devem ser colocados pelo menos 20 mil ingressos à venda. Só a Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do clube, pretende levar 5.000 associados.
Como gesto de boa vontade com a torcida do Corinthians, o PT pretende "homenagear" a Gaviões com faixas no comício.
O presidente da Gaviões, José Claudio Moraes (o "Dentinho"), diz que não aceita o gesto petista. "É oportunismo deles. Querem fazer uso político em cima da torcida. Somos apartidários."
Rui Falcão afirmou que as faixas são de "confraternização" e "solidariedade" aos Gaviões, descartando a possibilidade de elas poderem "acirrar os ânimos".
Para o coordenador petista, o fato de a prefeitura querer cancelar o comício faz parte de uma "ação intimidatória" que, segundo ele, começou a ser sentida ontem nas ruas da cidade.
Falcão afirma que a PM estava evitando o trabalho de militantes do PT que panfletavam nas esquinas e que funcionários das administrações regionais estavam retirando faixas que anunciavam o comício. Estado e município negam ter orientado as ações.
(FÁBIO ZANINI E SÍLVIA CORRÊA)

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