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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Lula critica "golpismo" e fala em 2º turno
Em evento com prefeitos, presidente disse que rivais têm buscado "outros meios" para retirá-lo do Palácio do Planalto
O "povo brasileiro não permitirá que o resultado das urnas seja fraudado
pela manipulação da informação", disse Tarso
Sergio Lima/Folha Imagem
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Lula em encontro no qual também falaram Tarso e José Alencar |
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso ontem a cerca
de 500 prefeitos, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva insinuou haver um clima de golpismo na oposição e admitiu a
possibilidade de a eleição ser
decidida no segundo turno. Segundo ele, seus adversários têm
buscado "outros meios" para
retirá-lo do Palácio do Planalto.
"Tem gente neste país que falou: "Vamos deixar o operário
entrar, ele não vai dar certo e
depois a gente volta com toda a
força". Só que os números mostram que demos mais certo do
que eles, e eles agora estão ansiosos para ver se existem outros meios, que não é da relação
democrática da eleição, para
evitar que as pessoas dirijam
este país", disse o presidente.
Na mesma linha, também
agradeceu o apoio de sindicatos
e movimentos sociais. "É preciso ficar de olho, porque tem
gente neste país que ainda não
aprendeu a viver na democracia", afirmou, em evento com
prefeitos num hotel de Brasília.
Lula falou após ter ouvido
discursos de prefeitos, do vice-presidente, José Alencar, e do
ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). A maioria
deles inflamou a platéia ao atacar as "elites" e denunciar o que
classificam de uma espécie de
complô da imprensa contra a
reeleição do presidente.
"A veia democrática do povo
brasileiro não permitirá que o
resultado das urnas seja fraudado pela manipulação da informação, pela informação unilateral, e pela forma absolutamente arbitrária como seu governo está sendo atacado", disse Tarso, coordenador político
do governo e principal responsável por rebater os ataques.
2º turno
Em fala de improviso, o petista disse ter certeza da vitória,
mas incluiu a possibilidade de
segundo turno e pediu ânimo
se a eleição não for vencida em
1º de outubro. "Se não deu no
primeiro turno e tiver segundo
turno, não tem nenhum problema, porque o mundo é assim
mesmo e é bom que tenha dois
turnos. Que nós vamos ganhar,
eu tenho certeza." No evento,
recebeu um manifesto de apoio
assinado por 2.135 prefeitos.
Lula declarou que a análise
do conteúdo do dossiê contra
tucanos é mais importante do
que as investigações sobre a
montagem e a venda do documento. Sobre os envolvidos no
caso, muitos próximos do próprio petista, Lula elevou o tom,
dizendo que "quem compra vira tão bandido quanto eles".
"Eu quero saber de onde veio
o dinheiro sim, eu quero saber
toda a tramóia que houve, mas
sobretudo eu quero saber que
diabo de conteúdo que há nesse
dossiê que pessoas cometeram
a enroscada que cometeram".
Lula atacou os petistas envolvidos no escândalo. "Se alguém botou para vender uma
informação, é porque é bandido. E quem compra vira tão
bandido quanto eles."
À CBN Lula buscou se distanciar dos envolvidos no escândalo, inclusive de seu amigo
Jorge Lorenzetti. "O Jorge Lorenzetti não tinha nenhuma
participação no governo." Ao
atacá-los, falou em "prática política condenável", pessoas
"imbuídas de momentos de
loucura" e "imbecilidade".
Alencar
Ao sair ontem em defesa de
Lula no escândalo do dossiê, o
vice-presidente da República,
José Alencar, atacou a estrutura petista e minimizou a influência do candidato dentro
do PT. Para ele, Lula é "vítima
de ações insanas do partido".
Em entrevista antes do encontro, o vice disse que os partidos devem prezar por "ideais"
e fugir de interesses "subalternos": "Há quatro partidos grandes no Brasil e alguns outros
que naturalmente irão se fundir (...) Que essas fusões se façam dentro de um princípio de
ideais, de afinidades, não ligadas a interesses subalternos."
Segundo Alencar, Lula tem
sido "vítima" da atual estrutura
petista. Questionado se Lula
tem controle entre os petistas
que o cercam, Alencar respondeu: "Ele tem controle, sim senhor. Só que ele não é o coordenador do partido e nem mesmo
participa da coordenação. O
braço dele não alcança essa distância. Ele colocou lá pessoal da
sua confiança. Houve problemas? Foram punidos".
Alencar atribuiu ao "desespero" eleitoral o fato de a oposição usar a crise do dossiê nas
propagandas eleitorais no rádio e na TV. E criticou o tom
das perguntas sobre o escândalo, ao comentar as ações da Polícia Federal: "Veja com que espírito democrático é conduzido
o governo. Isso é que vocês tem
que compreender, porque, do
contrário, acabam se colocando
de uma maneira aparentemente de oposição".
No discurso, Alencar chorou
ao lembrar de dificuldades da
adolescência.
(ES E PDL)
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