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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Petista envolve campanha de Mercadante
Ao depor, Jorge Lorenzetti diz que documento elaborado pelos Vedoin seria entregue ao coordenador de candidato do PT em SP
Amigo de Lula nega que tenha autorizado qualquer negociação financeira e diz que Berzoini só soube do episódio pela imprensa
ANDRÉA MICHAEL
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à Polícia Federal, o professor universitário
Jorge Lorenzetti disse que o
dossiê contra candidatos tucanos obtido com a família Vedoin no dia 14 seria entregue a
Hamilton Lacerda, então coordenador-geral da campanha de
Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo.
Para chegar à documentação,
emissários do PT estiveram
três vezes em Cuiabá (MT),
com passagens pagas pelo caixa
da campanha presidencial.
Questionado várias vezes sobre a origem do R$ 1,75 milhão
utilizado para comprar a documentação dos Vedoin, Lorenzetti repetiu que "não tem a
menor idéia" de quem patrocinou a negociação. O petista,
amigo de Lula, também procurou isentar Ricardo Berzoini.
Ao longo do depoimento de
três horas e meia, em Brasília,
ele negou qualquer possibilidade de negociação financeira,
mesmo diante das cobranças
dos Vedoin para fornecer os documentos que "incriminariam"
o candidato tucano ao governo
de São Paulo, José Serra.
Ao delegado Diógenes Curado e para o procurador Mário
Lúcio Avelar Lorenzetti contou
que escalou o advogado Gedimar Passos e o funcionário do
Banco do Brasil Expedito Veloso, ambos da campanha de Lula, para ir a Cuiabá saber o que
os Vedoin tinham a oferecer.
O dossiê contra Serra custaria R$ 20 milhões. Segundo Lorenzetti, "após ouvir o relato
[dos emissários], [ele] descartou completamente a hipótese
de fazer pagamento em dinheiro pelas provas que envolveriam José Serra, de acordo com
"orientação expressa" dada pela
coordenação da campanha".
Diante dos boatos de que a
PF poderia pedir a prisão de
Lorenzetti, seu advogado, Aldo
de Campos Costa, contestou:
"Ele se apresentou voluntariamente para depor. Fez um depoimento contundente como
testemunha, condição na qual
deve permanecer durante todo
esse processo". Costa disse que
"a PF está apurando outras vertentes" e que "haveria outros
interesses em jogo, de outras
pessoas, de outros órgãos".
Berzoini
Segundo Lorenzetti, Berzoini "não sabia da existência das
provas, e só soube das mesmas
pela imprensa após a prisão de
Gedimar e Valdebran". Eles foram detidos pela PF no dia 15,
em São Paulo, com o R$ 1,75
milhão que seria usado para
comprar o dossiê. Valdebran é
o emissário que os Vedoin enviaram a São Paulo para receber o dinheiro e entregar um lote de documentos a Gedimar, o
representante do PT.
Um outro conjunto de documentos foi entregue por Darci e
Luiz Antonio Vedoin aos petistas Expedito Veloso e Osvaldo
Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho, no dia 14. Em
Cuiabá, eles acompanharam a
entrevista dos Vedoin à revista
"IstoÉ", na qual afirmam que o
empresário de Piracicaba Abel
Pereira era responsável por liberar emendas no Ministério
da Saúde na gestão de Barjas
Negri, braço-direito de Serra.
Lorenzetti afirmou também
que "Abel Pereira teria oferecido, pela informação da família
Vedoin, R$ 10 milhões". De fato, o empresário esteve em
Cuiabá entre os dias 23 e 24 de
agosto, quando um fotógrafo,
contratado por Gedimar e Expedito Veloso, registrou sua
saída do hotel Taiamã.
Consta no depoimento que
Lorenzetti conheceu Freud
Godoy, citado por Gedimar como mandante da negociação,
na campanha petista de 2002.
Ele negou que Godoy tenha
participação no caso do dossiê.
Veloso entregou ontem à PF
os documentos que recebeu
dos Vedoin no dia da entrevista
à "IstoÉ". São registros de depósitos que teriam sido feitos
para prefeitos supostamente
envolvidos em fraudes.
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