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Superintendente assume proibição de imagem
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O superintendente da Polícia
Federal em São Paulo, delegado
Geraldo Araújo, disse à Folha
que foi dele a ordem para não
filmarem o dinheiro apreendido com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, na sexta-feira
passada, quando iriam consumar a compra do dossiê para
envolver os candidatos tucanos
Geraldo Alckmin e José Serra
na máfia dos sanguessugas.
Ele disse que "deve existir"
uma foto das pilhas de notas
apreendidas, entre reais e dólares. A não divulgação das imagens do dinheiro tem sido criticada pelo PFL e pelo PSDB, como um privilégio da PF ao PT.
Araújo disse que impediu a
filmagem por estar a eleição na
reta final e para que não se repetisse o caso Lunus, de 2002,
quando a senadora Roseana
Sarney (PFL-MA), então pré-candidata à Presidência, foi
acusada de usar dinheiro ilícito
em sua campanha. Para ele, a
divulgação das imagens foi um
erro, que inviabilizou a candidatura de Roseana, mais tarde
inocentada pela Justiça.
Segundo Araújo, qualquer
decisão que tomasse, em relação ao dinheiro apreendido em
São Paulo, seria criticada pela
situação ou pela oposição.
"Ruim por ruim, fiz o que me
pareceu mais correto." Disse
que comunicou a decisão ao diretor da PF, Paulo Lacerda, e
que ele concordou com a iniciativa, e informou ao ministro
Márcio Thomaz Bastos.
Além da referência negativa
do caso Lunus, Araújo alega
que a polícia não tinha uma dimensão do caso quando houve
a apreensão. O delegado contesta a avaliação, comum entre
petistas, de que a compra do
dossiê não constituiria crime.
Para ele, além da possibilidade
de crime eleitoral, há que se investigar os de estelionato e de
chantagem pelos Vedoin.
O superintendente nega que
a PF esteja tentando abafar o
caso e que haja orientação para
restringir as informações e
concentrar a investigação nas
mãos de policiais de confiança
do diretor-executivo da corporação, delegado Zulmar Pimentel, conforme noticiado ontem
pela Folha. Segundo a reportagem, o delegado Edmilson Pereira Bruno, que estava no
plantão na sexta-feira passada,
foi afastado da investigação.
Araújo diz que o caso é da alçada da Superintendência Regional da PF em Mato Grosso e
que não há um delegado responsável pela investigação em
São Paulo. Araújo disse que, até
ontem à tarde, a PF de São Paulo não tinha recebido ordem judicial para requisitar informações do Bradesco e BankBoston sobre a origem de dinheiro.
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