São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Vereadores pró-Barjas evitam investigação

Bancada governista impede a abertura de CPI sobre relações entre prefeito de Piracicaba e o empresário Abel Pereira

Procuradoria deve convocar Abel para depor no caso sanguessuga, por tentar falar com Vedoin quando venda de dossiê foi fechada


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Vereadores aliados ao prefeito de Piracicaba (SP), Barjas Negri (PSDB), conseguiram impedir, por dez votos a quatro, anteontem à noite, a abertura de uma investigação sobre os contratos realizados entre a prefeitura e empresas da família do empresário Abel Pereira durante a gestão do tucano.
Vereadores da oposição disseram que Barjas ligou antes da votação para vereadores para pedir que a comissão de inquérito não fosse aprovada. "Com certeza, o prefeito articulou com sua bancada para que a comissão não fosse aprovada", disse o presidente da Câmara, Gustavo Hermann (PSB).
O Ministério Público Federal vai convocar Abel para depor no caso dos sanguessugas. A Procuradoria decidiu ouvir o empresário depois que a Folha publicou, ontem, reportagem em que Abel tentou, por três vezes, falar com Vedoin no dia em que a venda do dossiê contra Serra foi fechada com o PT.
Luiz Vedoin, apontado como chefe da máfia dos sanguessugas, comprometeu Abel e Barjas em depoimento anteontem à Polícia Federal, dizendo que "ele [Abel] recebeu valores para liberação de recursos pendentes na gestão de Barjas Negri [substituto de Serra em 2002] no Ministério da Saúde".
Vedoin disse que quatro folhas de papel, encontradas dentro do dossiê contra tucanos, listavam prefeituras, emendas e percentual de propina referentes a acertos com Abel na compra de ambulância.
Empresas da família de Abel, do ramo de construção civil e pavimentação, venceram ao menos 37 licitações entre 2005 e 2006 em Piracicaba, no valor total de R$ 10,7 milhões.
Gravações da PF indicam que Abel esteve em Cuiabá no fim de agosto e ligou três vezes para Vedoin. Desde a denúncia dos Vedoin, Barjas não concede entrevistas (a não ser por e-mail) e não participa de atos públicos. Alguns vereadores dizem que ele está abatido. Abel também está recluso. Os dois negam ligação com os Vedoin.
Barjas disse ontem, por e-mail, que "o senhor Abel Pereira não operava no Ministério da Saúde e não tinha autorização para falar em meu nome".


Colaborou a Sucursal de Brasília

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