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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Vereadores pró-Barjas evitam investigação
Bancada governista impede a abertura de CPI sobre relações entre prefeito de Piracicaba e o empresário Abel Pereira
Procuradoria deve convocar Abel para depor no caso sanguessuga, por tentar falar com Vedoin quando venda de dossiê foi fechada
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Vereadores aliados ao prefeito de Piracicaba (SP), Barjas
Negri (PSDB), conseguiram
impedir, por dez votos a quatro,
anteontem à noite, a abertura
de uma investigação sobre os
contratos realizados entre a
prefeitura e empresas da família do empresário Abel Pereira
durante a gestão do tucano.
Vereadores da oposição disseram que Barjas ligou antes da
votação para vereadores para
pedir que a comissão de inquérito não fosse aprovada. "Com
certeza, o prefeito articulou
com sua bancada para que a comissão não fosse aprovada",
disse o presidente da Câmara,
Gustavo Hermann (PSB).
O Ministério Público Federal
vai convocar Abel para depor
no caso dos sanguessugas. A
Procuradoria decidiu ouvir o
empresário depois que a Folha
publicou, ontem, reportagem
em que Abel tentou, por três
vezes, falar com Vedoin no dia
em que a venda do dossiê contra Serra foi fechada com o PT.
Luiz Vedoin, apontado como
chefe da máfia dos sanguessugas, comprometeu Abel e Barjas em depoimento anteontem
à Polícia Federal, dizendo que
"ele [Abel] recebeu valores para liberação de recursos pendentes na gestão de Barjas Negri [substituto de Serra em
2002] no Ministério da Saúde".
Vedoin disse que quatro folhas de papel, encontradas
dentro do dossiê contra tucanos, listavam prefeituras,
emendas e percentual de propina referentes a acertos com
Abel na compra de ambulância.
Empresas da família de Abel,
do ramo de construção civil e
pavimentação, venceram ao
menos 37 licitações entre 2005
e 2006 em Piracicaba, no valor
total de R$ 10,7 milhões.
Gravações da PF indicam
que Abel esteve em Cuiabá no
fim de agosto e ligou três vezes
para Vedoin. Desde a denúncia
dos Vedoin, Barjas não concede entrevistas (a não ser por e-mail) e não participa de atos
públicos. Alguns vereadores dizem que ele está abatido. Abel
também está recluso. Os dois
negam ligação com os Vedoin.
Barjas disse ontem, por e-mail, que "o senhor Abel Pereira não operava no Ministério
da Saúde e não tinha autorização para falar em meu nome".
Colaborou a Sucursal de Brasília
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