São Paulo, Sábado, 23 de Outubro de 1999
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FHC critica ausentes de oposição

WILLIAM FRANÇA
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem os governadores de oposição que não compareceram à reunião convocada por ele para definir medidas de combate ao déficit da Previdência e negociar reivindicações dos Estados.
FHC disse que esperava "ao menos que houvesse uma discussão solidária" por parte de todos os governadores "para que os resultados fossem também sustentados solidariamente". Segundo o presidente, o tema Previdência "é uma questão de justiça social".
Os governadores petistas Olívio Dutra (RS), Zeca do PT (MT) e Jorge Viana (AC), além de Itamar Franco (MG), do PMDB, não compareceram ao encontro por decisão política. FHC agradeceu aos que não puderam comparecer, mas enviaram justificativa, como Roseana Sarney (PFL-MA) e João Capiberibe (PSB-AP).
Os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Pedro Parente (Casa Civil) também criticaram as ausências. "Eu lamento. Eles não vieram por causa de um equívoco (a suposta limitação das discussões à Previdência)", disse Malan. "Uma coisa é política partidária, outra é responsabilidade de gestão."
A crítica também foi repetida por governadores e líderes governistas, especialmente do PSDB. Para o governador Mário Covas (SP), "quem não veio está contra e não vai cobrar", citando o Rio Grande do Sul -que já cobra dos inativos e pensionistas- como exemplo.
"Acho engraçado todo mundo gritar por diálogo, mas na hora em que o presidente convoca, o diálogo não existe. Isso não é um jogo de oposição e governo", disse Covas. Segundo ele, "o PT errou" porque não poderia recusar o diálogo no momento atual. Ele isentou os três governadores de culpa e a atribuiu ao partido.
Para o governador do Ceará, Tasso Jereissati, "se (os governadores de oposição) não vão ajudar, que não apliquem (a cobrança) nos seus Estados". "Só dessa maneira haverá atitude coerente."
José Maranhão (PMDB-PB) ironizou a ausência dos oposicionistas: "O jogo deles é esse, vão ganhar o bônus sem ter o ônus".
Para o governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), a ausência dos governadores do PT foi "uma demonstração de intolerância incompatível com a democracia".
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou: "É lamentável a ausência dos governadores do PT no momento em que a abertura do diálogo entre as forças políticas é indispensável. E o seminário do PT é prova eloqüente disso". ACM participou de parte da reunião.
O líder do PT na Câmara, José Genoino (SP), afirmou que o partido está sendo criticado por exercer a fidelidade partidária, defendida pelo próprio governo e por seus líderes no Congresso.
"O PT tem valores, fidelidade e disciplina. O governo prega a fidelidade partidária quando lhe convém, para aprovar seus projetos", afirmou o deputado.
"O projeto do partido é bem maior do que uma reunião no Palácio do Planalto de eficácia duvidosa."


Colaborou Denise Madueño, da Sucursal de Brasília

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