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Prisão ocorreu após saque em conta de secretária no Paraguai
PF prende parentes e advogado de acusada da morte do juiz Amaral
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
A Polícia Federal prendeu anteontem o marido, o irmão e o
advogado de Beatriz Arias, funcionária do Fórum de Cuiabá
presa como suspeita da morte do
juiz Leopoldino Marques do
Amaral.
Samir Hammoud, o advogado
de Beatriz, foi libertado na madrugada de ontem pela Polícia
Federal. Pedro Paniágua e Joamildo Barbosa, respectivamente
marido e irmão da suspeita, continuam presos. O corpo do juiz
Amaral foi encontrado, com dois
tiros e parcialmente queimado,
em Concepción (Paraguai), no
dia 7 de setembro.
O juiz havia acusado vários desembargadores do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso de envolvimento com o narcotráfico,
"venda" de sentenças, nepotismo
etc. Ele enviou documentação ao
STF (Supremo Tribunal Federal),
ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e à CPI do Judiciário.
A prisão ocorreu depois que
Barbosa, Paniágua e Hammoud
sacaram de uma conta de Beatriz,
no Banco de Fomento, em Pedro
Juan Caballero (Paraguai), 41,9
milhões de guaranis, o equivalente a R$ 25 mil. O dinheiro havia sido depositado pelo juiz Amaral,
que era suspeito de ser pai de um
filho de Beatriz. No banco, o nome usado por ela era Perla Beatriz
Vichini Peralta.
O advogado disse que foi vítima
de uma prisão "arbitrária" e que
ingressará com ação indenizatória contra a União (a PF é subordinada ao governo federal).
Ele disse que foi preso em território paraguaio, sem a apresentação de mandado judicial, e levado
algemado para Cuiabá, de avião,
junto com Paniágua e Barbosa. O
mandado, conforme Hammoud,
só foi apresentado 20 minutos depois da prisão.
A assessoria da PF disse que as
prisões, amparadas por mandado do juiz Jeferson Schneider,
ocorreram em Ponta Porã (MS),
quando os três trocavam o dinheiro em uma casa de câmbio.
De acordo com a PF, Beatriz havia dado uma autorização por escrito para a retirada do dinheiro.
Hammoud disse que ela apenas
assinou um boleto do banco, ato
suficiente para a operação.
O advogado declarou que a PF
mantém Paniágua e Barbosa presos como forma de pressionar
Beatriz. "É para ver se ela fala alguma coisa. A Polícia Federal está
perdida e joga sua última cartada
na investigação do caso."
Ele disse que a PF não tem elementos para acusar Beatriz da
autoria da morte do juiz após
mais de 40 dias de inquérito.
Leopoldino do Amaral vinha
sendo investigado pelo Judiciário
por desvio de recursos de contas
judiciais. A viúva de Amaral, Rosemar Monteiro, sua ex-secretária, Márcia Campos, e o office
boy, Benedito Lemes, foram indiciados pela Polícia Civil.
Rosemar e Márcia, que trabalhavam diretamente com o juiz,
foram indiciadas por peculato
(crime em que o funcionário público se apropria de dinheiro em
razão do cargo).
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