São Paulo, Sábado, 23 de Outubro de 1999
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NO AR
Malan sai a campo

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Já houve um tempo em que Pedro Malan se constrangia diante das câmeras.
No primeiro ano de governo, por exemplo, quando FHC deu até recado público ao ministro iniciante:
- Dizem que ministro da economia não pode falar. Ao contrário, para ganhar apoio você tem que sair a campo.
Demorou para o ministro se sentir à vontade na sociedade do espetáculo. Mas os últimos dias mostraram que Malan, afinal, aprendeu.
Ao dar entrevista sobre o acordo com os governadores, com transmissão pela Globo News e trechos nos telejornais, ele se agarrou ao boicote do PT e atacou reiteradamente:
- Eu só posso lamentar a ausência, por razões de caráter político-partidário.... É preciso separar política partidária da responsabilidade pela coisa pública, da prestação de contas às respectivas populações.
Anteontem, no depoimento sobre a pobreza, transmitido pela TV Senado e reproduzido nos telejornais, não parou de falar sobre si mesmo:
- Há 30 anos esse tema está presente na minha atividade profissional e como cidadão... Os que me acusam deveriam se remeter à década de 70. Desde então, defendi combater os problemas sociais.
Citou Marx. Citou até Mao. E lançou o que parecia uma plataforma:
- Em reuniões com a ONU, vários países estabeleceram a meta de reduzir a miséria pela metade até 2005... Nós vamos atingir essa meta ainda antes, tenho certeza.
Quem ligasse a TV naquela hora poderia pensar que era um presidenciável.

E-mail: nelsonsa@uol.com.br


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