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MATO GROSSO DO SUL
Coronel convocou oficiais subordinados para um evento em favor da reeleição do governador Zeca do PT
Justiça manda afastar comandante da PM
FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O corregedor regional da Justiça
Eleitoral de Mato Grosso do Sul,
Claudionor Miguel Duarte, determinou ontem o afastamento do
comandante-geral da Polícia Militar, coronel José Ivan de Almeida. Ontem, a Folha revelou que
ele usou o serviço de comunicações da polícia para convocar oficiais a encontro de apoio à reeleição do governador José Orcírio
dos Santos, o Zeca do PT.
O pedido para o afastamento do
comandante foi feito pela coligação de Marisa Serrano (PSDB),
concorrente de Zeca ao governo.
"Essa convocação desatende os
primados de imparcialidade e
isenção de ânimos que deve presidir os trabalhos da força pública
na manutenção da ordem e paz
social", diz a decisão, protocolada
por volta do meio-dia.
Às 14h16, o site oficial do governo estadual anunciou que o comandante Almeida havia pedido
afastamento. A nota afirmava que
a decisão é "para que não paire
dúvidas sobre a lisura da segurança no pleito eleitoral e nem sobre a
imparcialidade da PM nos serviços prestados à população".
Até o final da tarde de ontem, o
governo estadual não havia anunciado seu substituto.
Na sexta, Almeida convocou
"todos os oficiais pró candidatura
[do] sr. José Orcírio dos Santos
para governador do Estado/MS"
para uma reunião patrocinada
pelo PT marcada para anteontem
à noite. O encontro, no entanto,
acabou sendo cancelado.
Em entrevista à Agência Folha
ontem, Almeida deu nova versão
sobre o caso: desta vez, disse que
havia usado o serviço da PM também para convocar oficiais a uma
reunião de apoio à adversária de
Zeca, Marisa Serrano (PSDB).
O encontro foi no sábado no
clube dos oficiais da PM e contou
com a presença do prefeito de
Campo Grande, André Puccinelli
(PMDB), que apóia Marisa.
Só que não era um evento realizado por partido, como era o encontro pró-Zeca. Anteontem, em
entrevista gravada, Almeida havia
negado que a comunicação convocando para a reunião em prol
de Zeca do PT havia sido enviada.
Em nenhum momento, na entrevista, ele disse que havia feito o
mesmo em favor de Marisa.
Questionado por que não havia
dado essa informação à reportagem, Almeida disse: "Não, eu falei
que tinha feito para os dois lados.
Tenho documento, tem assinatura de pessoas que receberam, tem
tudo", afirma o comandante.
A nova versão de Almeida foi
confirmada pelo presidente do
clube dos oficiais da PM, coronel
Antonio Carlos Soares.
O coordenador da campanha de
Marisa, deputado federal Waldemir Moka (PMDB), disse que desconhece a comunicação oficial.
"Nós não pedimos e desconhecemos qualquer comunicação,
tanto que denunciamos a convocação do comandante-geral ao
TRE", afirma o deputado.
Segundo ele, Puccinelli foi a um
almoço a convite do clube dos oficiais, sem conotação política.
A Agência Folha teve acesso,
por meio de uma mulher que se
disse casada com um policial, a
uma suposta cópia da comunicação do encontro de sábado.
Ele diz: "Convoco todos os oficiais pró candidatura [da" sra.
Marisa Serrano para governadora
do Estado/MS para comparecerem à reunião no clube dos oficiais da PM/BM-MS (...) em 19 out
às 12h", diz a nota. O documento
era uma cópia xerox, mas trazia o
carimbo em tinta de Almeida.
O coronel Almeida enviou, segundo o TRE, papel semelhante
em sua defesa.
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