São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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MATO GROSSO DO SUL

Coronel convocou oficiais subordinados para um evento em favor da reeleição do governador Zeca do PT

Justiça manda afastar comandante da PM

FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O corregedor regional da Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul, Claudionor Miguel Duarte, determinou ontem o afastamento do comandante-geral da Polícia Militar, coronel José Ivan de Almeida. Ontem, a Folha revelou que ele usou o serviço de comunicações da polícia para convocar oficiais a encontro de apoio à reeleição do governador José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT.
O pedido para o afastamento do comandante foi feito pela coligação de Marisa Serrano (PSDB), concorrente de Zeca ao governo.
"Essa convocação desatende os primados de imparcialidade e isenção de ânimos que deve presidir os trabalhos da força pública na manutenção da ordem e paz social", diz a decisão, protocolada por volta do meio-dia.
Às 14h16, o site oficial do governo estadual anunciou que o comandante Almeida havia pedido afastamento. A nota afirmava que a decisão é "para que não paire dúvidas sobre a lisura da segurança no pleito eleitoral e nem sobre a imparcialidade da PM nos serviços prestados à população".
Até o final da tarde de ontem, o governo estadual não havia anunciado seu substituto.
Na sexta, Almeida convocou "todos os oficiais pró candidatura [do] sr. José Orcírio dos Santos para governador do Estado/MS" para uma reunião patrocinada pelo PT marcada para anteontem à noite. O encontro, no entanto, acabou sendo cancelado.
Em entrevista à Agência Folha ontem, Almeida deu nova versão sobre o caso: desta vez, disse que havia usado o serviço da PM também para convocar oficiais a uma reunião de apoio à adversária de Zeca, Marisa Serrano (PSDB).
O encontro foi no sábado no clube dos oficiais da PM e contou com a presença do prefeito de Campo Grande, André Puccinelli (PMDB), que apóia Marisa.
Só que não era um evento realizado por partido, como era o encontro pró-Zeca. Anteontem, em entrevista gravada, Almeida havia negado que a comunicação convocando para a reunião em prol de Zeca do PT havia sido enviada. Em nenhum momento, na entrevista, ele disse que havia feito o mesmo em favor de Marisa.
Questionado por que não havia dado essa informação à reportagem, Almeida disse: "Não, eu falei que tinha feito para os dois lados. Tenho documento, tem assinatura de pessoas que receberam, tem tudo", afirma o comandante.
A nova versão de Almeida foi confirmada pelo presidente do clube dos oficiais da PM, coronel Antonio Carlos Soares.
O coordenador da campanha de Marisa, deputado federal Waldemir Moka (PMDB), disse que desconhece a comunicação oficial.
"Nós não pedimos e desconhecemos qualquer comunicação, tanto que denunciamos a convocação do comandante-geral ao TRE", afirma o deputado.
Segundo ele, Puccinelli foi a um almoço a convite do clube dos oficiais, sem conotação política.
A Agência Folha teve acesso, por meio de uma mulher que se disse casada com um policial, a uma suposta cópia da comunicação do encontro de sábado.
Ele diz: "Convoco todos os oficiais pró candidatura [da" sra. Marisa Serrano para governadora do Estado/MS para comparecerem à reunião no clube dos oficiais da PM/BM-MS (...) em 19 out às 12h", diz a nota. O documento era uma cópia xerox, mas trazia o carimbo em tinta de Almeida.
O coronel Almeida enviou, segundo o TRE, papel semelhante em sua defesa.


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