São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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Maior aliado de Maluf pede desligamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Principal parceiro de Paulo Maluf nas últimas eleições que o cacique pepebista disputou, o deputado federal Cunha Bueno (PPB) pediu ontem seu desligamento da legenda partidária que ajudou a fundar.
Bueno foi candidato a vice de Maluf em 2000, na eleição para a Prefeitura de São Paulo, e disputou uma vaga no Senado neste ano, também na chapa do ex-prefeito e ex-governador do Estado.
O parlamentar, que encerra neste ano seu sétimo mandato consecutivo na Câmara, se diz "desgostoso e desencantado" com a falta de coerência política do PPB e de seu líder, Maluf.
Segundo disse a seus interlocutores, Bueno acha inconcebível o apoio de Maluf, ex-governador biônico pela Arena, ao ex-guerrilheiro José Genoino (PT).
A trajetória de Bueno ao lado de Maluf começou nos anos 70, na Arena, partido que os dois integraram e que dava sustentação ao regime militar (1964-1985). Depois, eles estiveram juntos no PDS, PPR e PPB.
O deputado defendia que o partido liberasse seus membros para que apoiassem quem bem entendessem. Bueno deve declarar agora seu voto no governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Interlocutores do deputado disseram que ele foi para o "sacrifício" ao concorrer ao Senado e que se sentiu desrespeitado pela executiva do PPB, que não teria levado em conta sua posição ao decidir apoiar Genoino.
Na segunda-feira, o deputado deverá procurar oficialmente o partido para acertar a parte burocrática da desfiliação. A Folha não conseguiu ouvir Maluf ontem sobre a decisão de Bueno.
Segundo sua assessoria, Bueno entregou uma carta a Paulo Maluf, presidente nacional do PPB, com o pedido de afastamento. Leia abaixo a íntegra da carta do candidato derrotado ao Senado:

"Prezado Paulo Maluf, desgostoso e desencantado por ver que o nosso PPB cada vez mais se desagrega e se esfacela, resolvi afastar-me.
Espero que o partido, com a experiência de seus insucessos, reconheça que, sem coerência com seus princípios ideológicos, será impossível sobreviver.
Afasto-me também porque essa coerência sempre balizou minha atividade político-partidária ao longo de trinta e dois anos. Agindo assim, creio interpretar a opinião daqueles que sempre me acompanharam.
Finalmente, tenho a consciência de que meu gesto continuará honrando a amizade pessoal que norteou nossas relações."
Antonio Henrique Cunha Bueno



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