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Serra prevê continuar sua gestão na saúde
O que o governo federal pode fazer para incentivar os investimentos em saneamento? A privatização
dos serviços é uma solução? Como
obter recursos para aumentar o
acesso ao saneamento?
Muito foi feito nos últimos sete
anos, mas as carências nos colocam a obrigação de fazer muito
mais. É crucial observar o envolvimento direto de José Serra no
que foi realizado.
Como ministro do Planejamento, Serra retomou a liberação de
recursos do FGTS, favorecendo
expressivos investimentos entre
1995 e 1998. A crise financeira internacional fez com que o financiamento para as empresas públicas fosse bloqueado, mas Serra, à
frente do Ministério da Saúde,
ampliou drasticamente os investimentos no setor. Só o Ministério
da Saúde, que investia cerca de R$
300 milhões anuais, passou a gastar, em 2001, R$ 1,4 bilhão, valor
que está se repetindo em 2002. As
ações conduzidas com Estados e
municípios estão beneficiando
2,6 milhões de famílias. Em 2002,
BNDES, FGTS e o governo federal, por meio das verbas alocadas
no Orçamento Geral da União estão investindo R$ 14,4 bilhões no
setor.
Os números comprovam de
maneira irrefutável o quanto foi
feito em saneamento. Entre 1995 e
2000, o tratamento de esgotos
saiu de 1,5 milhão para quase 15
milhões de domicílios.
A parceria com o setor privado
será importante, mas jamais deve
ser vista como panacéia. Nossa tarefa será agir em três frentes: a)
aprovar o novo marco jurídico,
definindo a participação de Estados e municípios na titularidade;
b) ampliar os recursos orçamentários para o saneamento, especialmente para regiões de risco e
baixa renda das periferias urbanas; e c) rever a forma de financiamento, para que as empresas públicas possam voltar a captar recursos com o FGTS e com o
BNDES.
O acesso rápido a consultas e a
tratamento médico depende do
aumento da oferta de serviços hospitalares ou o crescimento dos serviços de medicina preventiva pode
reduzir o gargalo do atendimento
nos hospitais? Ou é preciso aumentar imediatamente a oferta de hospitais, de médicos e de enfermagem? O governo federal pode (ou
deve) auxiliar Estados e municípios
nessa tarefa?
Embora muitos se esforcem para
tratar o nosso Sistema Único de
Saúde como um problema, não
tenho dúvida em afirmar que a
experiência brasileira de construção do SUS é um caso de êxito
sem paralelo na história das políticas públicas. Em poucos anos,
um país de baixa renda per capita
e grande heterogeneidade regional conseguiu ter um sistema descentralizado e abrir suas portas a
toda a população. Vale notar que,
nos EUA, 40 milhões de pessoas
não têm nem o direito de ter acesso à saúde.
Mas a saúde tem muito a melhorar, tanto no acesso com na
qualidade. A expansão do Programa de Saúde da Família para toda
a população será o pilar da nova
fase do SUS. A equipe de saúde da
família será a porta de acesso do
cidadão a todos os níveis de atenção à saúde, desonerando o pronto-socorro e acabando com o drama da superlotação nas portas
dos hospitais públicos.
Com a implantação do Cartão
Nacional de Saúde, a informática
será colocada a serviço da organização do sistema para melhor uso
dos recursos, de combate às fraudes e de garantia de rapidez no
atendimento.
Há limitações na oferta de serviços médicos nos planos e seguros
de saúde, além das limitações de
acesso impostas pelo preço da saúde privada. O governo federal deve
atuar no sentido de intervir na saúde privada, com controles mais rigorosos sobre preços e atendimentos, ou acredita que tal mercado
deve ser mais livre e o Estado deve
prover mais serviços médicos de
modo a compensar a elitização dos
planos de saúde privados?
O candidato José Serra teve papel
crucial na construção das normas
de regulação dos planos de saúde
e criou a Agência Nacional de
Saúde Suplementar. Não se trata
de intervir no setor, mas de colocar regras claras para proteger o
cidadão. Ao mesmo tempo, a
ANS monitora a saúde financeira
e os serviços de cada plano de saúde, para impedir a concorrência
predatória entre empresas, que só
produz a insolvência.
O dever do Estado, além de dar
acesso à saúde pública, é garantir
que os planos prestem a cobertura adequada, evitando restrições
descabidas (para UTI, por exemplo). O Estado deve coibir reajustes abusivos, desvinculados da
realidade do mercado, notadamente na proteção ao idoso, para
que ele não seja posto para fora do
plano no momento de maior necessidade.
Geraldo Biasoto Junior, 41, doutor em
economia, professor do Instituto de Economia da Unicamp e ex-secretário de
Gestão de Investimentos do Ministério
da Saúde, é colaborador do programa de
José Serra e respondeu às questões pelo
candidato.
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