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INVESTIGAÇÃO
Medida vale para toda a família do ex-prefeito, acusado de ter movimentado US$ 446 mi no exterior
Justiça decreta bloqueio de bens de Maluf
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A juíza da 4ª Vara da Fazenda
Pública de São Paulo decretou ontem a indisponibilidade de todos
os bens e investimentos da família
do ex-prefeito Paulo Maluf (PP),
acusada de ter movimentado US$
446 milhões em instituições financeiras no exterior. O dinheiro,
segundo o Ministério Público,
saiu dos cofres públicos.
Além dos Maluf, o despacho da
juíza Renata Coelho Okida atinge
outras 29 pessoas ou empresas.
Em co-responsabilidade, os bens
de todos serão bloqueados até que
se atinja o valor de R$ 5 bilhões
-montante estimado como prejuízo para o município.
Trata-se da maior ação por improbidade administrativa (má
gestão pública) proposta pelo Ministério Público de São Paulo. O
valor requisitado aos réus representa um terço do Orçamento da
prefeitura paulistana para 2005.
Maluf, que foi prefeito entre
1993 e 1996, diz que não possui
contas no exterior e que é vítima
de perseguição política. Em nota,
diz que irá recorrer da decisão.
A ação é baseada em 150 mil páginas de documentos, sendo que
cerca de 3 mil são da Justiça suíça,
que quebrou o sigilo bancário de
Maluf naquele país. Outros documentos foram obtidos no Brasil,
como cópias de cheques e notas
fiscais frias emitidas durante a
construção do túnel Ayrton Senna e da avenida Água Espraiada
(Jornalista Roberto Marinho).
As quatro empreiteiras responsáveis pelas duas obras (OAS,
Mendes Júnior, Constran e
CBPO) estão entre as atingidas
pela decisão judicial.
Dos familiares de Maluf, tiveram seus bens indisponíveis a
mulher, Sylvia, os filhos Flávio,
Otávio, Lina e Lígia, a nora Jacqueline e o genro Maurílio Curi
-Otávio e Lina não movimentaram dinheiro no exterior, segundo documentos da Suíça.
Em seu despacho, a juíza afirmou que o prejuízo pode ser
enorme para os réus, mas que há
indícios suficientes de que os
mesmos obtiveram vantagens
econômicas por meio de operações ilegais envolvendo dinheiro
público. E, prosseguiu, como o
processo tende a ser demorado na
Justiça, o bloqueio é uma garantia
de que o município poderá ser
restituído no futuro.
Bens
No caso de Maluf, a Justiça determinou o bloqueio de todos os
bens, menos da casa em que ele
vive com a mulher Sylvia e as
eventuais contas correntes mantidas no Brasil.
A medida, no entanto, atingirá
todos os outros imóveis, veículos,
ações, títulos e empresas da família. A Eucatex, que é uma empresa
de sociedade anônima constituída pela família Maluf, também foi
atingida. As ações e cotas não poderão ser vendidas.
Candidato derrotado no primeiro turno da eleição municipal,
Maluf declarou ao Tribunal Regional Eleitoral ter quase R$ 39
milhões em patrimônio, sendo
que R$ 5,94 milhões num banco
francês.
O ex-secretário Reynaldo de
Barros, também apontado na decisão judicial como responsável
pelo desvio de dinheiro público,
também teve seus bens atingidos.
Para as quatro construtoras, as
ações, bens e investimentos das
mesmas ficarão indisponíveis.
A ordem judicial será repassada
ao Banco Central (para bloqueio
de investimentos financeiros) e à
Comissão de Valores Mobiliários,
à Bovespa e à BM&F -para proibição de transferências de valores
mobiliários. Serão informadas
ainda as juntas comerciais, os cartórios de registros de imóveis e os
Detrans (veículos) de todo o país.
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