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ELEIÇÕES 2006 / LIGAÇÕES PERIGOSAS
Lobista diz que nunca viu filho de Lula e que ele não usava sua sala
Alexandre Santos admite, porém, que sócio de "Lulinha", a quem afirma só conhecer por foto, ia "eventualmente" ao escritório
APS, como é conhecido, diz não ver nada de ilegal. "Acho que tudo isso é uma forma de tentar me usar para prejudicar o governo"
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O lobista Alexandre Paes dos
Santos negou ontem que o empresário Fábio Luís Lula da Silva, sócio da produtora de filmes
Gamecorp e filho do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, tenha
usado uma das salas de seu escritório em Brasília para atuar
em defesa dos interesses da Telemar no governo federal.
APS, como é conhecido, admite, no entanto, que Kalil Bittar, sócio de Fábio Luís na Gamecorp, esteve no local "eventualmente", mas só até o final
do ano passado.
Reportagem publicada pela
revista "Veja" desta semana
afirma que Fábio Luís, conhecido como Lulinha, foi "acionado
para defender os interesses
maiores da Telemar junto ao
governo". As declarações de
APS contradizem a versão divulgada pela revista, segundo a
qual afirmou que o filho do presidente usava uma sala em seu
escritório.
A proximidade do poder justificaria, segundo "Veja", o investimento de R$ 15 milhões
que a Telemar fez na produtora
Gamecorp.
"O Fábio Luís nunca esteve
no escritório. Só o vi em fotos
publicadas pela imprensa. O
Kalil eventualmente ia lá, mas
ele não tinha nenhum negócio
com o escritório. Usou uma sala
por conta de um acordo operacional que mantenho com a Arlete [Siaretta]", disse APS.
Arlete Siaretta é dona do grupo Casablanca, 54 empresas
que se dedicam principalmente
à produção de filmes e eventos,
além da gravação de comerciais
e distribuição de DVDs.
APS, "consultor de empresas
há mais de 30 anos", afirma
possuir um acordo operacional
com Siaretta em um "teleporto", uma espécie de central de
recepção e retransmissão de
imagens, que seriam geradas
pelo grupo Casablanca em Brasília e redistribuídas.
A parte de APS no negócio seria disponibilizar em Brasília
um local para fixação de antenas, o que ele diz ter feito, bem
como instalações para prepostos de Siaretta. Tais instalações, segundo APS, foram cedidas "eventualmente" a Kalil, a
pedido da empresária.
"É um acordo operacional.
Não há nada de ilegal. Acho que
tudo isso é uma forma de tentar
me usar para prejudicar o governo", afirma o lobista.
Segundo "Veja", o objetivo de
Siaretta ao se aproximar do filho do presidente era "abrir as
portas do governo" petista, já
que estava carimbada por sucessivos trabalhos aos tucanos.
A estratégia de Siaretta, sugere "Veja", deu certo, pois a Casablanca "continuou tendo no
governo petista a mesma participação que tinha no mercado
nos oito anos dos tucanos, algo
em torno de 50% de todos os
contratos de filmes feitos para
as empresas de publicidade que
prestam serviço ao governo".
Ainda segundo a "Veja", os
sócios Fábio e Kalil se reuniram em Brasília com o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, em três ocasiões,
para "sondar que posição a SDE
tomaria caso a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom -fusão que a lei proíbe".
Goldberg estava ontem em
Bruxelas a trabalho. Segundo a
assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, órgão ao
qual a SDE é subordinada, nos
encontros, o assunto tratado
foi a indicação de um escritório
de advocacia e de uma consultoria em direito tributário para
assessorar os sócios na Gamecorp.
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