São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / LIGAÇÕES PERIGOSAS

Lobista diz que nunca viu filho de Lula e que ele não usava sua sala

Alexandre Santos admite, porém, que sócio de "Lulinha", a quem afirma só conhecer por foto, ia "eventualmente" ao escritório

APS, como é conhecido, diz não ver nada de ilegal. "Acho que tudo isso é uma forma de tentar me usar para prejudicar o governo"

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lobista Alexandre Paes dos Santos negou ontem que o empresário Fábio Luís Lula da Silva, sócio da produtora de filmes Gamecorp e filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tenha usado uma das salas de seu escritório em Brasília para atuar em defesa dos interesses da Telemar no governo federal.
APS, como é conhecido, admite, no entanto, que Kalil Bittar, sócio de Fábio Luís na Gamecorp, esteve no local "eventualmente", mas só até o final do ano passado.
Reportagem publicada pela revista "Veja" desta semana afirma que Fábio Luís, conhecido como Lulinha, foi "acionado para defender os interesses maiores da Telemar junto ao governo". As declarações de APS contradizem a versão divulgada pela revista, segundo a qual afirmou que o filho do presidente usava uma sala em seu escritório.
A proximidade do poder justificaria, segundo "Veja", o investimento de R$ 15 milhões que a Telemar fez na produtora Gamecorp.
"O Fábio Luís nunca esteve no escritório. Só o vi em fotos publicadas pela imprensa. O Kalil eventualmente ia lá, mas ele não tinha nenhum negócio com o escritório. Usou uma sala por conta de um acordo operacional que mantenho com a Arlete [Siaretta]", disse APS.
Arlete Siaretta é dona do grupo Casablanca, 54 empresas que se dedicam principalmente à produção de filmes e eventos, além da gravação de comerciais e distribuição de DVDs.
APS, "consultor de empresas há mais de 30 anos", afirma possuir um acordo operacional com Siaretta em um "teleporto", uma espécie de central de recepção e retransmissão de imagens, que seriam geradas pelo grupo Casablanca em Brasília e redistribuídas.
A parte de APS no negócio seria disponibilizar em Brasília um local para fixação de antenas, o que ele diz ter feito, bem como instalações para prepostos de Siaretta. Tais instalações, segundo APS, foram cedidas "eventualmente" a Kalil, a pedido da empresária.
"É um acordo operacional. Não há nada de ilegal. Acho que tudo isso é uma forma de tentar me usar para prejudicar o governo", afirma o lobista.
Segundo "Veja", o objetivo de Siaretta ao se aproximar do filho do presidente era "abrir as portas do governo" petista, já que estava carimbada por sucessivos trabalhos aos tucanos.
A estratégia de Siaretta, sugere "Veja", deu certo, pois a Casablanca "continuou tendo no governo petista a mesma participação que tinha no mercado nos oito anos dos tucanos, algo em torno de 50% de todos os contratos de filmes feitos para as empresas de publicidade que prestam serviço ao governo".
Ainda segundo a "Veja", os sócios Fábio e Kalil se reuniram em Brasília com o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, em três ocasiões, para "sondar que posição a SDE tomaria caso a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom -fusão que a lei proíbe".
Goldberg estava ontem em Bruxelas a trabalho. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, órgão ao qual a SDE é subordinada, nos encontros, o assunto tratado foi a indicação de um escritório de advocacia e de uma consultoria em direito tributário para assessorar os sócios na Gamecorp.


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