São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2001

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LOBBY

Comissão investigará firmas; ministra do STF barrou quebra de sigilos pessoais

CPI tenta quebrar sigilos de lobista

WLADIMIR GRAMACHO
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI do Roubo de Cargas estuda quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico das 19 empresas do lobista Alexandre Paes dos Santos. A suspeita é que algumas dessas firmas estejam sendo utilizadas irregularmente, mesmo após sua extinção. Com os dados em mãos, os membros da CPI pretendem apurar possíveis ligações dessas empresas com o esquema do roubo de cargas.
O deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA) levará na terça-feira o pedido de quebra de sigilos das empresas à votação na CPI.
O principal obstáculo da comissão para investigar o caso tem sido o STF (Supremo Tribunal Federal): a ministra Ellen Gracie Northfleet, nomeada para o STF pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no ano passado, alegou falta de fundamentos técnicos para suspender a quebra dos sigilos pessoais de APS, aprovada pela CPI no começo deste mês.
Os deputados e senadores querem saber, por exemplo, por que APS abriu uma empresa de telecomunicações em 1997, um ano antes da privatização das empresas de telefonia, e logo depois encerrou suas atividades.
Ontem, a Folha revelou que um dos ex-sócios de APS é o consultor jurídico José Augusto Torres, funcionário da Procuradoria da Câmara. Juntos, abriram em 95 a TS Assessoria e Consultoria Ltda.
Torres havia sido encarregado pelos deputados acusados de envolvimento com APS de apurar o caso e processar o lobista. Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Sebastião Madeira (PSDB-MA), Zulaiê Cobra (PSDB-SP), Luciano Pizzatto (PFL-PR), Robson Tuma (PFL-SP) e Carlos Mosconi (PSDB-MG) são suspeitos de terem recebido dinheiro do lobista em troca de algum tipo de colaboração. Todos negam envolvimento com as atividades do lobista.
Ao tomar conhecimento da antiga relação com APS, Torres foi afastado do processo pelo procurador-geral da Câmara, deputado Ricardo Izar (PMDB-SP).
A CPI tem uma relação com os inquéritos a que APS já respondeu. Há acusações de tráfico de influência, estelionato, descaminho, ameaça, desacato e corrupção ativa. Apesar do extenso rol de acusações, não houve condenação em nenhum dos processos.
Procurado ontem pela Folha, o advogado de Alexandre Paes dos Santos, Felipe Amodeo, mais uma vez não respondeu aos recados deixados pela reportagem.


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