São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE NO NINHO

Governador cearense tem 318 votos de convencionais, contra 284 de ministro, mas ainda há 177 indecisos

Aécio é fiel da balança entre Tasso e Serra

Marcelo Sant'Anna/"Estado de Minas"
Tasso Jereissati entre Pimenta da Veiga (esq.) e Stefan Salej, presidente da Fiemg, em Minas


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No mapa dos votos dos convencionais do PSDB, o governador Tasso Jereissati (CE) tem leve vantagem em relação ao ministro José Serra (Saúde), mas a decisão sobre a candidatura tucana ao Palácio do Planalto em 2002 terá influência decisiva do presidente da Câmara, Aécio Neves (MG).
O placar apurado pela Folha -318 votos para Tasso e 284 para Serra- mostra que Aécio pode virar o jogo e que o que os dois principais presidenciáveis tucanos têm até agora é poder de fogo para anular um ao outro. Aécio, que adotou uma estratégica posição de neutralidade para ser o fiel da disputa ou até a alternativa à inviabilização de Tasso e Serra, possui peso entre os indecisos.
O mapa considera uma margem de traição de 10% a 15%, segundo congressistas experientes. Isso recomenda julgar uma espécie de empate técnico o placar de 318 a 284. Há ainda o peso de Fernando Henrique Cardoso, que pode convencer convencionais a votar em Serra, o seu preferido.
Do total de 779 votos, 177 foram contabilizados como indecisos. Aécio controla 60 votos entre esses indecisos, o que equivale a 60% da bancada mineira, e tem poder de persuasão sobre outros 82 votos indecisos de congressistas federais e de Estados menores.
Os demais 35 votos indecisos são da seção de Goiás, chefiada pelo governador Marconi Perillo, outro eleitor influente. Tanto Serra como Tasso contam com o apoio de Perillo, o que levou a Folha a colocá-lo entre os indecisos.
O total de votos de uma eventual pré-convenção deverá ser diferente dos atuais 779 (hoje teria maioria o candidato com pelos 390 votos). A saída e a entrada de congressistas mais as eleições para os novos diretórios estaduais e municipais modificarão o número, que não deverá mudar muito.
A hipótese de pré-convenção com candidatos batendo chapa é descartada pela maioria dos dirigentes tucanos. Cogita-se marcar uma data de pré-convenção, provavelmente março, a fim de forçar o início de um processo de decisão no partido, levando os caciques a se posicionar antes disso.
Às vésperas do encontro, um colegiado de dirigentes, com FHC à frente, se reuniria para decidir quem será o candidato e faria uma pré-convenção com resultado previsível. Daí a importância do mapa da pré-convenção, que serve para medir a força dos caciques. O colegiado escolheria o nome com maior viabilidade eleitoral levando em conta o mapa de poder do PSDB, o desempenho nas pesquisas, a capacidade de fazer alianças partidárias e de atrair apoio empresarial e de mídia.
Entre os 26 Estados e o Distrito Federal, São Paulo é a unidade com mais votos: 127. Hoje, porém, o tucanato paulista está praticamente dividido ao meio. Serristas falam reservadamente que o ministro já tem 50% do partido e que acabará tomando votos hoje sob a influência da família Covas, que lançou a candidatura de Tasso para presidente da República.
A dianteira do governador do Ceará se deve à entrada em campo da família Covas e a 30 votos já garantidos entre os 101 de Minas. Esses 30 votos estão sob o controle do ex-governador Eduardo Azeredo e do ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga.
Além dos 60 votos de Aécio, outros 11 votos mineiros são de deputados ainda indecisos. É nesse contigente de 71 votos que Serra espera virar o jogo em Minas. Aécio, porém, ainda não se definiu e não deve fazê-lo tão cedo.
Tasso tende a ter o total dos 63 votos de seu Estado, o Ceará. Serra compensa a desvantagem com os 23 do Espírito Santo e os 39 da Bahia. Se Tasso contabiliza apoio majoritário em Pernambuco (20 votos) e no Piauí (25 votos), Serra poderá contar com o governador Dante de Oliveira. Candidato sem chance, Dante deverá dar-lhe os 27 votos do Mato Grosso.
No Rio, Serra teria 60% dos 43 votos. Tasso ficaria com os outros 40%. O Pará, com 23 votos e governado por Almir Gabriel, tende a apoiar Tasso, mas FHC poderia atrair votos para Serra. No Paraná, Tasso deve ter de 30% a 40% dos 71 votos do Estado. No Rio Grande do Sul, com 23 votos, a tendência é meio a meio.
O peso dos demais Estados é pequeno, porque ele têm poucos votos. Há equilíbrio na disputa por essa fatia menor. Roraima, com quatro votos, e Rio Grande do Norte, com seis votos, são exemplos disso. O senador Romero Jucá (RR) fechou com Serra, enquanto o senador Geraldo Melo (RN) tende a apoiar Tasso.



Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Governador cearense consegue apoio em Minas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.