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TRANSIÇÃO
Para governador do Acre, haverá desencontro na "compreensão do país'; relatório pode desagradar ao governo, diz Palocci
"Lua-de-mel" FHC-PT deve acabar, diz Viana
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A relação do PT com o governo
FHC vai piorar quando os relatórios do grupo de transição forem
concluídos. A avaliação do governador do Acre, Jorge Viana (PT),
é que haverá "desencontro". Ele
falou sobre o assunto ontem em
reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para o governador, a fase atual é
de "lua-de-mel", mas mudará.
"Há uma tendência de essa lua-de-mel se manter na fase de transição, mas a situação deverá ficar
bem diferente", disse. Segundo
ele, a equipe de transição deverá
divergir do governo na avaliação
de como está recebendo o país.
Para Viana, está havendo uma
"impressão equivocada de que
houve um grande entendimento". Segundo ele "houve entendimento para a transição, mas não
de compreensão sobre o país".
Viana explicou que o tema do
"desencontro" iminente veio à tona após FHC ter dito que o Banco
Mundial (Bird) apresentou relatórios com avanços do Brasil na
área de educação.
Nesse momento, o governador
do Acre teria mencionado que haverá desencontros quando os relatórios feitos pela equipe do PT
ficarem prontos. Viana disse que
tanto ele quanto o presidente
acham normais os desencontros.
Viana disse que o desentendimento virá porque os números do
governo tendem a ser diferentes
dos do PT. "Quem está entregando vai dizer: "Olha, estou entregando aqui um presente", e quem
recebe dirá: "Estou recebendo um
problema'", disse o governador.
Palocci
Na condição de coordenador da
equipe de transição do governo
do PT, Antônio Palocci Filho afirmou ontem que irá entregar a Lula um relatório técnico, e não político, sobre a real situação do país,
independentemente de o resultado agradar ao atual governo.
"O presidente Lula pediu um relatório que ajudasse o novo governo, então não posso fazer um
relatório político ou tendencioso.
Terá de ser um retrato muito verdadeiro daquilo que Lula irá encontrar. Se as eventuais análises
desagradarem ao atual governo,
não vou deixar de fazê-las", disse.
Além de ser o responsável pela
coordenação da equipe de transição, Palocci foi o primeiro nome a
ser convocado por Lula para compor o futuro ministério. Na última
quarta-feira, ele deixou claro que
prefere ser ministro do Planejamento, mas ainda é cotado para
assumir a Fazenda.
Como coordenador da equipe,
Palocci irá receber, na próxima
semana, 26 relatórios setoriais,
que são uma radiografia da máquina do governo, abordando a
estrutura administrativa e orçamentária, finanças, pessoal, situações emergenciais e projetos em
andamento, com recomendações
do grupo técnico.
A apresentação do relatório
preocupa a cúpula do PT: ao mesmo tempo que o partido quer deixar claro que está herdando uma
administração com sérios problemas, o PT não quer criar uma situação embaraçosa para FHC.
Sem adiantar o diagnóstico do
relatório, Palocci afirmou que espera contar com a compreensão
de FHC e sua equipe. "Tenho certeza de que o atual governo irá entender que esse é um trabalho técnico necessário para o futuro governo. No relatório, não posso
deixar de dizer ao presidente Lula
tudo o que considerar importante
para a sua administração."
Para Palocci, as relações de Lula
com FHC são estabelecidas pelos
dois presidentes, não pelo relatório. "Não pretendemos criar uma
falsa polêmica. Queremos simplesmente que os documentos sejam verdadeiros e retratem a situação do país."
Os relatórios setoriais serão
concluídos nesta semana. A partir
deles, Palocci deverá condensar as
informações em um único relatório. A previsão é que o presidente
eleito receba o documento final
em dez ou 15 dias.
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