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CPI usa ligações e vídeo para rebater versão de ex-petistas
Comissão quer derrubar tese de que não houve pagamento na aquisição do dossiê
Cruzamento mostra intenso contato telefônico entre os acusados no momento em que foi entregue parte do dinheiro que teria sido usado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com base em imagens de um
circuito de TV e na quebra de
sigilo telefônico dos envolvidos
com o dossiê antitucano, a CPI
dos Sanguessugas concluiu ontem cruzamento com o objetivo de desmontar a tese dos ex-petistas envolvidos de que não
houve pagamento em dinheiro
na aquisição dos documentos.
O material elaborado pela
CPI mostra intenso contato telefônico entre os principais
acusados no exato momento
em que, segundo a Polícia Federal, foi entregue parte do
R$ 1,7 milhão que seria supostamente usado para comprar
informações da família Vedoin.
Os dados são referentes a troca de telefonemas na manhã de
13 de setembro, data em que
Gedimar Passos (que negociava
em nome do PT) entregou R$ 1
milhão a Valdebran Padilha, representante da família Vedoin,
no hotel Íbis, em São Paulo. Nas
24 horas do dia 13 de setembro,
os envolvidos trocaram 247 telefonemas. Pela manhã, Gedimar recebeu dois telefonemas
de Expedito Veloso, integrante
da equipe de inteligência da
campanha do presidente Lula.
Expedito estava em Cuiabá
para acompanhar a entrevista
que Luiz Antonio e Darci Vedoin concederam à revista "IstoÉ", insinuando a participação
no esquema dos sanguessugas
de José Serra (PSDB), então
candidato ao governo paulista.
Segundo a CPI, o primeiro
contato ocorreu às 7h02 do dia
13. Em seguida, Expedito teria
ligado também para Valdebran.
Às 8h51, as câmeras do hotel
Íbis registram a chegada de Hamilton Lacerda, então coordenador de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante.
Hamilton aparece carregando uma bolsa preta, que, segundo a PF, continha R$ 1 milhão
que foi entregue por Gedimar a
Valdebran. As imagens mostram os dois entrando no elevador. Segundo a PF, a entrega do
dinheiro ocorreu em seguida.
Segundo as quebras de sigilo
telefônico, a partir desse momento, houve intensa troca de
telefonemas entre os envolvidos, das 9h13 até as 10h27.
Além disso, usando um suposto telefone frio, Hamilton
ligou para Oswaldo Bargas, ex-petista que também estava em
Cuiabá para acompanhar a entrevista à "IstoÉ". Minutos depois, as imagens mostram Hamilton saindo do hotel e, logo
em seguida, há o registro de um
telefonema de seu celular para
o de Jorge Lorenzetti, que chefiava o setor de inteligência da
campanha de Lula e, segundo a
PF, articulou toda a trama.
"Todos estavam interligados.
[O cruzamento] é uma prova
que põe por terra a tese de que
eles não sabiam do pagamento
do dinheiro à família Vedoin",
disse Carlos Sampaio (PSDB-SP), que é sub-relator da CPI.
O cruzamento mostra ainda
que o então coordenador geral
da campanha de Lula, Ricardo
Berzoini (PT-SP), recebeu 11 ligações de Bargas no dia 13.
(ADRIANO CEOLIN E RANIER BRAGON)
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