São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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FHC optou por preservação de imagem

da Sucursal de Brasília

Ao vetar a anistia eleitoral, Fernando Henrique Cardoso optou por preservar sua imagem pública em detrimento do bom relacionamento com o Congresso. FHC preferiu enfrentar o mau humor dos congressistas a sofrer novo abalo na sua popularidade.
FHC foi pressionado a vetar a anistia por entidades da sociedade civil, como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Um dos pedidos que mais pesaram foi feito pelo Conselho dos Presidentes dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), que temia a desmoralização da fiscalização dos próximos pleitos.
FHC ouviu opiniões divergentes. Mas um fato lembrado pelo ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) foi decisivo. O próprio presidente seria beneficiado.
Apesar da falta de simpatia logo manifestada pelo projeto, FHC demorou a se decidir. Ele só o fez poucas horas antes de encerrar sua agenda deste ano no Planalto. ""Não tenho por que pagar um preço político (pela sanção) por uma coisa da qual discordo", disse FHC a assessores.
A hesitação tinha motivo claro: a ameaça de uma rebelião no Congresso. Mais de 80 parlamentares se livrariam de multas de R$ 2,2 milhões. ""Ouvi várias manifestações de preocupação com o humor do Congresso", contou o secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira. Ele diz só ter recebido pedido contrário ao veto de um parlamentar.
A reação mais temida pelo governo é no Senado, onde o valor das multas é mais alto. Lá, só o senador Maguito Vilela (PMDB-GO), governista fiel, deve R$ 210 mil. Roberto Requião (PMDB-PR) foi multado em R$ 180 mil. Os dois votaram pela anistia.
Até a semana passada, havia uma divisão entre os principais interlocutores de FHC. O ministro da Justiça, José Carlos Dias, foi o primeiro a defender o veto em parecer encaminhado ao presidente. O chefe da Casa Civil, Pedro Parente, a quem está subordinada a consultoria jurídica do Planalto, não recomendou o veto, já que o projeto não era considerado inconstitucional.


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