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JUDICIÁRIO
Para Theotonio Costa, Ministério Público não pode investigá-lo
Desembargador critica
atuação de Procuradoria
FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local
O desembargador Paulo Theotonio Costa, do TRF (Tribunal
Regional Federal), distribuiu declaração ontem afirmando que
"não cabe a procuradores da República investigar ou determinar
que façam qualquer tipo de investigação contra magistrados".
O juiz afirma que é alvo da ação
de um grupo de procuradores e
de "arapongas" do serviço secreto
da Receita Federal que tiveram interesses contrariados por decisões suas.
Anteontem, a Procuradoria Geral da República divulgara comunicado, em Brasília, informando
que deverá requisitar ao Superior
Tribunal de Justiça a instauração
de inquérito para apurar "suposto enriquecimento ilícito" dos desembargadores Theotonio Costa
e Roberto Luiz Ribeiro Haddad,
ambos do TRF da 3ª Região, com
sede em São Paulo.
Segundo Theotonio Costa, "juiz
somente pode ser investigado pelo próprio Poder Judiciário". Na
nota, ele diz que tem "o maior interesse na investigação ampla e
cabal das insinuações levantadas"
em "verdadeira campanha difamatória feita pelo jornal Folha de
S.Paulo".
No dia 11 de julho, a Folha publicou reportagem revelando que
os dois desembargadores ostentam sinais de riqueza que contrastam com o padrão comum dos
juízes brasileiros. Theotonio Costa e Haddad moveram ação de indenização contra a Folha.
Theotonio Costa afirma que o
jornal "está sendo instrumento de
um grupo de procuradores da República que são declaradamente
meus inimigos, por terem tido interesses pessoais contrariados por
decisões que proferi".
Ainda segundo a nota do desembargador, esses procuradores
teriam se unido a supostos "arapongas" do serviço secreto da Receita Federal, "cujos interesses
também foram contrariados, em
diversas decisões minhas".
Ação ordinária
Theotonio Costa afirma que no
final de julho, dias depois da publicação da primeira reportagem,
requereu à Corte Especial do TRF
a instauração de um processo administrativo para investigar a
evolução de seu patrimônio.
"É a primeira vez, na história da
Justiça Federal, que um magistrado pede uma investigação contra
si próprio, o que demonstra que
não temo qualquer tipo de investigação", diz.
No último dia 3 de dezembro,
ele propôs ação ordinária contra a
União Federal, na 1ª Vara Federal
de São Bernardo do Campo,
"com o objetivo de dar um basta a
um conjunto de atitudes inconsequentes e irresponsáveis propiciadas pelas reportagens da Folha".
O juiz disse que não conseguiu
obter cópias do processo administrativo instaurado pela Cofis
(Coordenação Geral do Sistema
de Fiscalização, da Receita Federal).
Na nota, ele revela que uma
mesma intimação lhe foi encaminhada, e à sua mulher, e ao desembargador Roberto Haddad e à
mulher dele.
Theotonio Costa afirma que obteve liminar "suspendendo essas
intimações espúrias", mas que
"os agentes do serviço secreto" repetiram as intimações que haviam sido suspensas por ordem
judicial 15 dias antes.
O desembargador diz que somente ontem tomou conhecimento, pela imprensa, de que o
subprocurador-geral da República Flávio Giron havia determinado que a Receita Federal o investigasse.
"A Procuradoria Geral da República não é órgão de controle
externo do Judiciário", diz. Segundo o magistrado, "as investigações sobre pretensa improbidade administrativa, matéria de natureza exclusivamente civil, são
de competência do tribunal a que
pertence o juiz".
Ontem, a Folha voltou a procurar o desembargador Roberto
Haddad. Segundo informação da
assessoria de comunicação do
TRF, Haddad está viajando, devendo retornar a São Paulo no dia
28 deste mês.
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