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SÃO PAULO
Para cumprir o pretendido, governador teria de
fazer em média quatro inaugurações por dia no ano que vem
Alckmin planeja
inaugurar quase
1.500 obras em 2002
EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), planeja
fazer 1.465 inaugurações de obras
em 2002, ano eleitoral. Se divididas durante o ano, contando sábados, domingos e feriados, o tucano poderia participar de quatro
eventos por dia.
Isso sem contar as pequenas
obras a serem definidas no decorrer do ano feitas rapidamente, como a entrega de 1.460 pontes e
barracões metálicos a 500 cidades.
Alckmin evita falar sobre o assunto, mas já admitiu a intenção
de se candidatar. A
desincompatibilização do cargo é
facultativa, porém, de acordo
com a legislação eleitoral, é proibido aos candidatos a cargos do
Executivo participar, nos três meses que precedem o pleito, de
inaugurações de obras públicas.
O governador disse no último
dia 15, durante a inauguração do
prolongamento da rodovia dos
Bandeirantes, em Cordeirópolis
(162 km a noroeste da capital paulista), que pretende inaugurar todas as obras, assim que forem
concluídas. Ele não quis falar sobre a sucessão. "Teremos um momento oportuno para falar sobre
as eleições", afirmou.
A assessoria de comunicação do
Palácio dos Bandeirantes não informou quantas obras foram
inauguradas nos anos anteriores,
sob o comando de Mário Covas.
No entanto, em algumas áreas,
pode ser constatada aceleração no
ritmo de trabalho.
O Vale do Paraíba, reduto eleitoral de Alckmin, e o litoral norte,
por exemplo, devem receber até o
final de 2002 pelo menos 5.158 casas construídas por meio de convênio com a CDHU (Companhia
de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O total previsto
corresponde a 58% de todas as
unidades construídas durante a
gestão Covas (1995-2001).
A Secretaria de Estado de Emprego e Relações do Trabalho
também pretende ampliar a abertura das unidades do Bancos do
Povo. Estão previstos 66 em 2002,
contra 50 inaugurados no Estado
neste ano. "Esse é um governo de
realizações. O Geraldo [Alckmin"
é uma máquina de trabalhar",
afirmou o secretário responsável
pela pasta, Walter Barelli.
Para a região de Ribeirão Preto
(314 km ao norte da capital), estão
reservadas obras como um restaurante de comida a R$ 1 da rede
Bom Prato, administrada pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, duas penitenciárias na
região e as duplicações das rodovias Candido Portinari e Armando Salles de Oliveira.
O maior montante de obras em
2002 sairá da Secretaria da Educação. Estão previstas 987 inaugurações, incluindo escolas novas, reformas e ampliações. Neste ano, a
pasta entregou 2.784 obras, incluindo 2.496 pequenas reformas.
Parte dos investimentos será
feita em parceria com as prefeituras. Na última quinta, Alckmin
assinou um convênio com 242 cidades para a realização de 654
obras na área da educação em
2002. O Estado vai repassar R$ 133
milhões para as prefeituras.
Alckmin ainda poderá capitalizar politicamente a inauguração
de outras 178 obras na área de saneamento básico, feitas pelas prefeituras com financiamento do
Estado por meio da Secretaria dos
Recursos Hídricos.
"Os tucanos ficaram oito anos
privatizando e coletando impostos. Deixaram de lado a segurança, a saúde e a habitação. Esse
show de inaugurações não vai resolver", afirmou o pré-candidato
do PT ao governo do Estado José
Genoino. Para ele, as inaugurações evidenciam o uso eleitoral da
máquina administrativa.
O deputado estadual Antônio
Duarte Nogueira Júnior (PSDB),
líder do governo na Assembléia
Legislativa, disse que a administração desacelerou o ritmo das
obras a partir do segundo semestre por causa da queda de receita
do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias).
"O governador reprogramou as
obras para cumprir a meta de déficit zero", declarou Nogueira,
que disse não acreditar que as
obras que Alckmin vai inaugurar
em 2002 sejam eleitoreiras.
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