São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2001

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SÃO PAULO

Para cumprir o pretendido, governador teria de fazer em média quatro inaugurações por dia no ano que vem

Alckmin planeja inaugurar quase 1.500 obras em 2002

EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO

MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), planeja fazer 1.465 inaugurações de obras em 2002, ano eleitoral. Se divididas durante o ano, contando sábados, domingos e feriados, o tucano poderia participar de quatro eventos por dia.
Isso sem contar as pequenas obras a serem definidas no decorrer do ano feitas rapidamente, como a entrega de 1.460 pontes e barracões metálicos a 500 cidades.
Alckmin evita falar sobre o assunto, mas já admitiu a intenção de se candidatar. A desincompatibilização do cargo é facultativa, porém, de acordo com a legislação eleitoral, é proibido aos candidatos a cargos do Executivo participar, nos três meses que precedem o pleito, de inaugurações de obras públicas.
O governador disse no último dia 15, durante a inauguração do prolongamento da rodovia dos Bandeirantes, em Cordeirópolis (162 km a noroeste da capital paulista), que pretende inaugurar todas as obras, assim que forem concluídas. Ele não quis falar sobre a sucessão. "Teremos um momento oportuno para falar sobre as eleições", afirmou.
A assessoria de comunicação do Palácio dos Bandeirantes não informou quantas obras foram inauguradas nos anos anteriores, sob o comando de Mário Covas. No entanto, em algumas áreas, pode ser constatada aceleração no ritmo de trabalho.
O Vale do Paraíba, reduto eleitoral de Alckmin, e o litoral norte, por exemplo, devem receber até o final de 2002 pelo menos 5.158 casas construídas por meio de convênio com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O total previsto corresponde a 58% de todas as unidades construídas durante a gestão Covas (1995-2001).
A Secretaria de Estado de Emprego e Relações do Trabalho também pretende ampliar a abertura das unidades do Bancos do Povo. Estão previstos 66 em 2002, contra 50 inaugurados no Estado neste ano. "Esse é um governo de realizações. O Geraldo [Alckmin" é uma máquina de trabalhar", afirmou o secretário responsável pela pasta, Walter Barelli.
Para a região de Ribeirão Preto (314 km ao norte da capital), estão reservadas obras como um restaurante de comida a R$ 1 da rede Bom Prato, administrada pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, duas penitenciárias na região e as duplicações das rodovias Candido Portinari e Armando Salles de Oliveira.
O maior montante de obras em 2002 sairá da Secretaria da Educação. Estão previstas 987 inaugurações, incluindo escolas novas, reformas e ampliações. Neste ano, a pasta entregou 2.784 obras, incluindo 2.496 pequenas reformas.
Parte dos investimentos será feita em parceria com as prefeituras. Na última quinta, Alckmin assinou um convênio com 242 cidades para a realização de 654 obras na área da educação em 2002. O Estado vai repassar R$ 133 milhões para as prefeituras.
Alckmin ainda poderá capitalizar politicamente a inauguração de outras 178 obras na área de saneamento básico, feitas pelas prefeituras com financiamento do Estado por meio da Secretaria dos Recursos Hídricos.
"Os tucanos ficaram oito anos privatizando e coletando impostos. Deixaram de lado a segurança, a saúde e a habitação. Esse show de inaugurações não vai resolver", afirmou o pré-candidato do PT ao governo do Estado José Genoino. Para ele, as inaugurações evidenciam o uso eleitoral da máquina administrativa.
O deputado estadual Antônio Duarte Nogueira Júnior (PSDB), líder do governo na Assembléia Legislativa, disse que a administração desacelerou o ritmo das obras a partir do segundo semestre por causa da queda de receita do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias).
"O governador reprogramou as obras para cumprir a meta de déficit zero", declarou Nogueira, que disse não acreditar que as obras que Alckmin vai inaugurar em 2002 sejam eleitoreiras.



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