São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

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CAMPO MINADO

Quilombolas fazem protesto contra Vale

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Ao menos 300 quilombolas bloqueiam desde ontem uma estrada de acesso ao canteiro de obras da Vale do Rio Doce em Moju (82 km de Belém), no Pará.
O bloqueio é uma represália contra o suposto descumprimento, pela Vale, de acordos compensatórios por danos ambientais, sociais e econômicos.
O protesto teve início na última quarta-feira, após os quilombolas derrubarem uma torre da linha de transmissão de energia da mineradora.
Na região de Moju, há 13 comunidades quilombolas -cerca de 500 famílias. Desde 2005, a Vale constrói no local uma linha de transmissão e uma tubulação para uma mina de bauxita Paragominas, em fase de implantação.
Como compensação por danos ambientais, sociais e econômicos causados pela obra, a Vale assinou termo de ajustamento de conduta com as comunidades, no qual se compromete a construir uma escola e um posto de saúde, recuperar 33 km de estradas e implantar um projeto de produção e renda.
Por telefone, a irmã Maria Luiza Fernandes, da CPT (Comissão Pastoral da Terra), disse que a Vale entregou até agora apenas o posto de saúde.
Em nota, a Vale informou que registrou boletim de ocorrência sobre a derrubada da torre de transmissão, que classificou como "ato ilegal e violento".
A empresa disse cumprir o acordo com os quilombolas e pediu apuração da Promotoria para os "atos de vandalismo".
O promotor Raimundo Moraes disse que questionará a concessão, pelo governo do Pará, do licenciamento ambiental para a Vale. Segundo ele, as comunidades quilombolas não foram incorporadas ao projeto. "A Vale tem adotado uma postura arrogante no Pará, que não condiz com a postura de empresa ambiental, vista em sua propaganda."


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